terça-feira, 19 de abril de 2016

REGISTRO DE REPRESENTAÇÕES DO EU PROFESSOR NA ZONA RURAL DO PIAUÍ (Brasil)

US REPRESENTATIONS OF REGISTRATION TEACHER IN RURAL AREA OF PIAUÍ ( Brazil )

José Ribamar Tôrres Rodrigues
Doutor em Educação pela USP
Mestre em Educação pela PUC/SP
Estágio em Formação de Professores no IUFM de DOUAI/ França
Estágio em formação de Professores em CUBA
Ex-Membro do Conselho Estadual de Educação/PI
Ex-Coordenador do Fórum Estadual de Educação
Membro do Banco de Avaliadores do MEC/INEP.

José Ribamar Tôrres Rodrigues
PhD in Education from USP
Master in Education from PUC / SP
Internship in Teacher Training in IUFM of DOUAI / France
Internship in Teacher Training in Cuba
Former member of the State Board of Education / PI
Former Coordinator of the State Education Forum
Member of Appraisers Bank MEC / INEP .
E-Mailjrib.torres@gmail com
Tel (86) 99415-9958



Estes dados são parte de uma pesquisa para elaboração de tese de doutorado em Educação na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – USP – Brasil. A metodologia utilizada teve a abordagem etnográfica, de onde as vivências foram tematizada e, a partir destas, elaborou-se um texto ampliado. Os aspectos foram introduzidos em conversas informais, gravadas, individuais e coletivas no período de dois anos que se esteve presente na escola de forma que os sujeitos não se sentiam avaliados com perguntas diretas. Isto permitiu informações mais precisas sobre o conjunto de relações que se dão dentro e fora da escola e suas influências múltiplas na vida, no pensamento e na ação pedagógica e de cidadão e cidadãs professores rurais do Estado do Piauí.


These data are part of a research for development of doctoral thesis in Education at the Faculty of Education, 
University of São Paulo - USP - Brazil. The methodology used was the ethnographic approach , where the
 experiences were thematized and , from these , drew up an expanded text. Aspects were introduced in 
informal , written , individual and group conversations in the two year period that attended the school 
so that the subjects did not feel evaluated with direct questions . This allowed more precise information 
on the set of relationships that occur inside and outside the school and its many influences in life, in thought
 and pedagogical action and citizen and citizen rural teachers of the Piauí State.


Ces données font partie d'une recherche pour le développement de la thèse de doctorat en éducation à la
 Faculté d'éducation , Université de São Paulo - USP - Brésil. La méthodologie utilisée est l'approche
 ethnographique , où les expériences ont été thématisées et , de ceux-ci , a élaboré un texte élargi . 
Aspects ont été introduits dans informelles , écrites, conversations individuelles et collectives dans la 
période de deux ans qui a fréquenté l'école afin que les sujets ne se sentaient pas évalués avec des 
questions directes . Cela a permis à des informations plus précises sur l'ensemble des relations qui se 
produisent à l'intérieur et à l'extérieur de l'école et de ses nombreuses influences dans la vie, dans la
 pensée et de l'action pédagogique et citoyenne et citoyen enseignants en milieu rural de l'État Piauí .


Estos datos son parte de una investigación para el desarrollo de la tesis doctoral en Educación en la 
Facultad de Educación , Universidad de Sao Paulo - USP - Brasil . La metodología utilizada fue el 
enfoque etnográfico , donde se tematizadas las experiencias y , de estos, elaboró ​​un texto ampliado . 
Aspectos fueron introducidos en escritos , conversaciones informales , individuales y de grupo en el 
período de dos años que asistió a la escuela para que los sujetos no se sienten evaluados con preguntas 
directas . Esto permitió obtener información más precisa sobre el conjunto de relaciones que se producen 
dentro y fuera de la escuela y sus muchas influencias en la vida , en el pensamiento y la acción pedagógica
 y de los ciudadanos y los maestros rurales de los ciudadanos del Estado de Piauí.


Questi dati fanno parte di una ricerca per lo sviluppo di tesi di dottorato in Educazione presso la Facoltà 
di Scienze dell'Educazione , Università di São Paulo - USP - Brasile . La metodologia utilizzata è stato 
l'approccio etnografico , dove le esperienze sono stati tematizzati e , da questi, ha elaborato un testo espanso. 
Aspetti sono stati introdotti in informali , scritti , conversazioni individuali e di gruppo nel periodo di due anni
 che ha frequentato la scuola in modo che i soggetti non si sentono valutati con domande dirette . Questo ha 
permesso informazioni più precise sul set di relazioni che si verificano dentro e fuori la scuola e le sue 
numerose influenze nella vita , nel pensiero e nell'azione pedagogica e dei cittadini e dei cittadini insegnanti
 rurali dello Stato Piauí .


Diese Daten sind Teil einer Forschung für die Entwicklung der Doktorarbeit in der Ausbildung an der 
Fakultät für Erziehungswissenschaft , Universität von São Paulo - USP - Brasilien. Das verwendete 
Verfahren war das ethnographische Ansatz, bei dem die Erfahrungen wurden aus diesen thematisierten 
und zog sich einen erweiterten Text. Aspekte wurden in informellen , geschrieben , Einzel- und 
Gruppengesprächeim Zeitraum von zwei Jahren eingeführt , die die Schule besucht , so dass die Probanden 
nicht mit direkten Fragen ausgewertet fühlen. Dies erlaubt eine genauere Information über den Satz von 
Beziehungen, die innerhalb und außerhalb der Schule und die vielen Einflüsse im Leben, im Denken und 
pädagogischen Handelns und Bürger und Bürger ländlichen Lehrer des Piauí Staates auftreten .


Эти данные являются частью исследования для разработки докторской диссертации в области 
образования на факультете образования , Университет Сан-Паулу - USP - Бразилия. Методика 
была использована этнографическую подход, при котором опыт были thematized и , из них , составил
 расширенный текст . Аспекты были введены в неофициальных, письменных , индивидуальных и 
групповых бесед в двухлетний период , который ходил в школу , так что субъекты не чувствовало 
оценивали прямые вопросы . Это позволило получить более точную информацию о множестве
 отношений , которые происходят внутри и за пределами школы и его многочисленных влияний в
 жизни , в мысли и педагогической деятельности и гражданина и гражданина сельских учителей 
штата Piauí .
 
Eti dannyye yavlyayutsya chast'yu issledovaniya dlya razrabotki doktorskoy dissertatsii v oblasti 
obrazovaniya na fakul'tete obrazovaniya , Universitet San-Paulu - USP - Braziliya. Metodika byla 
ispol'zovana etnograficheskuyu podkhod, pri kotorom opyt byli thematized i , iz nikh , sostavil rasshirennyy
 tekst . Aspekty byli vvedeny v neofitsial'nykh, pis'mennykh , individual'nykh i gruppovykh besed v dvukhletniy
 period , kotoryy khodil v shkolu , tak chto sub"yekty ne chuvstvovalo otsenivali pryamyye voprosy . 
Eto pozvolilo poluchit' boleye tochnuyu informatsiyu o mnozhestve otnosheniy , kotoryye proiskhodyat 
vnutri i za predelami shkoly i yego mnogochislennykh vliyaniy v zhizni , v mysli i pedagogicheskoy 
deyatel'nosti i grazhdanina i grazhdanina sel'skikh uchiteley shtata Piauí .


As primeiras impressões dizem respeito à escolha do magistério como profissão. Diz um professor:

A escolha de eu ser professor não foi bem uma escolha. Foi uma necessidade da Região, da comunidade...que a gente fundou aqui uma escola e pelo fato do professor sair, a escola ficou fechada. Muitas coisas só funciona aqui no interior, zona rural, através de uma escola...até um atendimento médico, tendo uma escola funcionando fica mais fácil de ser...devido a comunidade e nós, tínhamos uma faixa de mais de 60 crianças que tinha de se destacar de uma distância...mais perto era a 6 Km. Então, no verão é questão do sol e no período chuvoso são as chuvas...que tem muitas grota que nesse período de inverno, de chuva, fica muito forte as correntezas e tem muito acidente com crianças. Aí, eu vim morar aqui nesta localidade e cheguei, tinha essa necessidade de professor. Passei mais ou menos um ano, pensando essa possibilidade de assumir  como professor. Aí, decidi, mesmo porque não sou qualificado, né. Ainda tô fazendo meus estudos básicos para ser um professor mesmo. Fiz um trabalho para a Secretaria Municipal de Demerval Lobão [nome do município]...avaliou e fui classificado com condição de trabalhar em sala de aula. Fiz um concurso aqui na Lagoa [nome de outro município vizinho.

Sobre fatores que influenciaram na escolha da profissão docente:

Não tive influências...minha família é analfabeta. Eu tenho uma dificuldade porque tenho que algumas vezes deixar a escola para acompanhar minha mãe que já está velha e precisa ir ao médico, mas fora estes problemas familiares, pretendo continuar, mesmo porque já tá com seis anos que trabalho e já tá numa ida sem volta
 A Trajetória estudantil:

Eu estudei em Teresina. Iniciei o curso primário aqui...na localidade Fazenda Nova que é 3 Km daqui...com professor também leigo. Depois quando ela veio se formar, eu já não estudava com ela...que na zona rural sempre existe este problema das pessoas que são formadas saem logo...vão para Teresina...outros Estados e as pessoas que ficam são sempre pessoas que começam como leigo e depois se formam. Eu comecei com esta senhora. Hoje, ela é vereadora do município. Em 1981, fui para Teresina e lá estudei até 1986...1987, aí voltei para a zona rural novamente e parei um pouco de estudar e agora que estou voltando a estudar pra ver se consigo me classificar.

Relação de sua prática com a do seu antigo professor:

De certa forma eu utilizo muita coisa, sim...porque desde quando estudei lá com ela até hoje o que tem mudado só simplesmente a pedagogia, né. Mas conteúdo...essa coisas continuam os mesmos...eu tenho uma base desta professora, né. Mesmo porque eu também, como ela trabalho em classe multisseriada ou seja mais de uma série. Então fica muito difícil se trabalhar dessa forma. Trabalhar com várias séries no mesmo quarto [sala de aula]... é muito difícil e ela tinha a experiência de trabalhar com essas pessoas e...então, eu uso um pouco da técnica dela. Tem uma tecnicazinha que sempre faço, é na questão...criança pra criança, né. Por exemplo: aluno da 4a  série ajudando criança da 3a  série. Isso, aprendi com ela...que muitas vezes ela estava atarefada, ia preencher um formulário, uma questão qualquer que ela ia fazer, uma questão qualquer...pedia uma criança mais desenvolvida para ajudar aquelas menos desenvolvidas. Então, eu uso muito isso em minha sala de aula. Trabalho muito na questão grupal, naquela época nem tanto, mas ela já tinha essa ideia. Eu tenho essa técnica que eu aprendi com ela.

Com relação às dificuldades para dar aulas:

Olha, trabalhar aqui na zona rural...é uma questão muito delicada... trabalhar com educação. É muito delicado porque aqui você tem de ser...aliás...o professor tem sempre esse papel de ser duro, né. Então, eu tenho essa questão de ter essa função, de trabalhar todos os aspectos. Embora que eu sou o agente de saúde, tem hora que eu sou conselheiro e a  minha dificuldade maior é essa falta de preparação mesmo da nossa comunidade, das pessoas... que o pai, por exemplo, o pai já não sabe ler nem escrever...não sabe falar dentro da nossa linguagem...ele não sabe falar e fica muito difícil. A gente tem de primeiramente tentar traduzir a linguagem e...é uma dificuldade enorme e acompanhada dessa dificuldade da gente ter de dar aulas não somente pra criança, mas tem de trabalhar com a própria família...ter de ir lá na casa da pessoa pedir que ele ajude o filho dele. Outra questão também é a disciplina. Eu tenho muito trabalho com a disciplina e aqui na sala de aula não é permitido. Então, se a gente não falar com os pai, fala eles, não vai se sentir uma pessoa disciplinada. Ele vai sempre querer ser aquela pessoa solta de fazer coisas que não tem nada a ver com a sala de aula. Então, uma dificuldade muito grande é a questão do seriado. É uma confusão...não tem condições, principalmente, a  gente trabalhar sem material de apoio porque não temos material de apoio. A questão do livro didático é o livro didático, tá bom, mas falta muito, principalmente porque a gente adotou o sistema de construtivismo, né. Então, é uma aula muito prática, tem que ter muito onde você se apegar. Aqui tem pouca coisa e coisa que eu consegui por mim mesmo ... não foi a Secretaria que ofereceu. Eu comprei  e alguns...os colegas me arranjaram.

Exercício de outra profissão, além do magistério:

Hoje não, mas antes de ser professor eu era pedreiro, mas quando passei a trabalhar de manhã e de tarde eu deixei de exercer a outra profissão.

Participação em movimentos sociais:

Eu participo da nossa associação comunitária daqui e também sou catequista, né. Preparando pessoas para a Crisma, 1a eucaristia e tentando manter o equilíbrio da harmonia na comunidade.

Auxílios nas dúvidas no trabalho pedagógico:

Todos os meses a gente se encontra uma vez por mês, né. Então, eu costumo muito levar minhas dúvidas, não só pra tirar com meus colegas, mas quase todos os sábados eu tô na Secretaria, aqui na Lagoa do Piauí, tirando minhas dúvidas com a coordenadora, supervisora, a própria secretária.

Interesse cultural:

Tanto no rádio como na TV eu sou muito ligado à questão informativa e pela questão de eu ainda estar estudando, sempre eu assisto os programas educativos...telecurso 2o grau que passa na Globo. Sempre eu assisto...que tem algumas coisas lá que ajuda no meu estudo...no rádio, além da musiquinha que eu gosto também. Gosto muito de ouvir notícias.

Participação nas decisões da Secretaria:

Olha, eu ainda não fui...nem indiretamente eu ainda não fui. Inclusive a gente não sabe nem como foi trabalhada a questão do Plano de Carreira. Eu  mesmo não fui comunicado. Não opinei...e nem sei como foi trabalhada esta questão. Não sei nem falar dele...não vi ainda nem a cópia.

Gosto pela leitura:

Eu gosto muito de ler história, né. Histórias do povo mesmo e histórias, fábulas, essas coisas. Gosto muito de ler. Sempre eu estou cercado de livros...leio muito. Adoro também, de ler ciências naturais. E para descansar um pouco eu leio histórias infantis. A gente tem um acervo aqui até um pouco elevado com uma faixa de cinquenta livros.

Sugestões para melhorar a escola rural:

É...existe muita questão que a gente inclusive nas reuniões de pais e mestres que a gente comenta com eles pra que melhore...mas enquanto as prefeituras tiverem essas coisas de pobreza que sempre falam, né... [significa dizer que não tem verba] fica difícil a gente conseguir realmente concretizar as opiniões que a gente tem. O que em primeiro lugar, a gente quer mais desenvolvimento da sociedade, do povo, da comunidade, por exemplo, pra poder melhorar, inclusive esse ano, eu tô sentindo dificuldade enorme pra trabalhar. Já fui à Secretaria várias vezes...não tô me sentindo bem porque o sistema foi mudado...nós vamos trabalhar com construtivismo e como eu já falei, é uma questão de aula prática e nós não temos material. A gente passou um treinamento de cinco dias, mas eu achei insuficiente, devido a prática que a gente já tinha no outro sistema. Então, a sugestão que sempre falo é essa questão da família participar, mas que eu tenho certeza que melhoraria mais e era muito melhor.

Dificuldade no planejamento:

O planejamento mensal não...esse é mais simples da gente fazer...agora, o plano de aula diário é muito difícil porque eu trabalho à tarde e à noite eu estudo. É muito difícil. Um dia como hoje mesmo, eu estou dando aula sem o plano. O tempo não deu pra eu fazer o plano de aula de hoje. Então, você fica naquela...você tem que improvisar...dar uma aula...só quem já tá na linhagem bem seguida [quem tem experiência]...a gente tem dificuldade, mas não é bom dar aulas sem plano. Mentalmente, já sabe mais ou menos, mas fica naquela de abrir o livro. Não é bom.

Sugestões para melhorar o planejamento:

Primeiro, eu acho duas horas pouco pra se planejar. A gente chega lá oito horas e nove, dez horas já tem terminado o planejamento. É muito pouco. Eu já dei minha sugestão lá que deveria ser um dia útil e não no Sábado. Um dia útil que fosse, no mínimo, quatro horas de planejamento...porque o suficiente seria oito horas. Dava tempo a gente sentar na mesa redonda...todos os professores e planejar melhor...discutir melhor. Só que essa sugestão que a gente dá lá não é aceita.



Relações numa profissão onde predomina o gênero feminino:

Aqui, na Lagoa do Piauí, nós temos um número de homens até grande comparado a Demerval Lobão [município vizinho]. Eu trabalhava lá e em todo o município tinha três professores. Não sinto dificuldade. Elas se sentem até um pouco protegida. Acham interessante, só que acham que é uma função muito pouco remunerada pro homem...muito baixa...Elas acham que é uma perda (sic) eu ganhar só o salário mínimo pra trabalhar manhã e tarde. Se eu tivesse como pedreiro...é 100 [reais] por semana, enquanto eu passo um mês pra ganhar isso. Elas admiram em mim essa questão de eu aceitar ganhar tão pouco quando deveria ganhar o dobro ou o triplo, trabalhando na minha antiga profissão de pedreiro.

Preferência de gênero pelos pais para o exercício do magistério rural:

Os pais, se fosse por eles, todo professor seria homem, na zona rural porque eles acham que o homem tem mais condição de desenvolver o assunto e manter a disciplina. Eles têm essa visão. Inclusive, aqui mesmo, eu já vi vários pais querendo transferir filhos de outra escola, distante daqui 6 Km, pra cá, dizendo que não se dando bem com a professora porque ela não mantém a disciplina. Mas aqui na zona rural  eles acham melhor um professor homem que uma mulher. Aqui nessa escola quando ela foi fundada, ela fechou porque teve um problema com uma professora e ela não suportou as fofocas. Menino briga...mãe chega, querendo bater dentro da sala de aula...são estas questões e a mulher é mais frágil nestas questões. Na zona rural, trabalha o professor e o zelador e muitas vezes só o professor, fica difícil. Na escola que tem diretor, vigia, merendeira, não sei quantos professores, ai...fica... uma situação dessas é mais fácil contornar.

Elaboração da avaliação:

O livro didático é apoio, mas o professor também faz. Eu, por exemplo, faço uma introdução daquele conteúdo que eu quero trabalhar, trabalho questões e depois sempre o livro didático. Não uso só o livro didático como recurso, uso também meus conhecimentos e os conhecimentos do próprio aluno. A gente pega o conhecimento dele, renova onde é necessário e, finalmente, a gente vai para o livro didático.


EXCERTOS DE ENTREVISTAS NÃO-ESTRUTURADAS

(de professores leigos, coordenadores pedagógicos e secretários de educação)

Acho que o deve melhorar é colocar mais aluno na escola. Tinha mais aluno, mas todo mundo foi embora...o povo caçando melhora...hoje as coisa tá assim, né. Todo mundo mora aqui na fazenda...ninguém tem propriedade...mas só que o homem dá serviço...pelo menos tô com 18 anos que moro aqui. (Profa.).

Vou ser sincero. Tem gente que exerce uma função...uma profissão e não é aquela profissão que você sempre quis. Eu escolhi ser professor...assim de uma maneira...fiz concurso. Acho que labutar com criança...tem vários tipos de comportamento na sala de aula, mas você tem de trabalhar nesse ângulo. Escolhi esta profissão porque  eu ...assim...levo jeito, mas não é a profissão dos meus sonhos. (Prof.).


Olha, se fosse pra fazer...montar objetivos, conteúdos...tudo isso seria impossível...o que fazem ainda hoje é cópia. Agora quando a gente faz esta montagem é única pros professores de cada série e aí a gente tem como fiscalizar mesmo o que foi feito em sala de aula com o que foi pedido. A gente faz o acompanhamento pelo bendito caderno dos aluno. A gente não faz visitas demoradas porque a secretaria não tem carro. A gente freta um carro e enquanto se distribui a merenda nas escolas, as supervisoras dão uma olhada nos cadernos dos alunos, mas uma coisa muito assistemática.(Profa. Coordenadora municipal)

Eu acho interessante esse contato entre os professores e muitas vezes, no conteúdo, eles têm dificuldades e outro já diz como trabalhou. Então, deu fico assim orientando, como eu vou fazer a metodologia, aí um vai passando a experiência pra outro.(Profa. Coordenadora Municipal).



                       São estes professores chamados “ leigos” por não serem habilitados, que garantiram o acesso da população à escola por muitas décadas. São estes professores chamados “leigos” que ajudaram a formar cidadãos e cidadãs nos rincões mais distantes e esquecidos do Brasil pelo poder público. São estes professores, chamados “leigos” que  fizeram a política de inclusão social, política e econômicas de milhões de crianças e jovens brasileiros quando o Governo Federal ainda não sonhava em combater a desigualdade, assumida definitivamente pelo Governo Lula.
                      Desse modo, rendamos homenagens a estes verdadeiros bandeirantes da educação que acreditaram na mudança e exerceram de maneira missionária o seu compromisso de uma nação para todos.

Referências

Difel, 314 p.,1989.
DE VARGAS, SôniaLe processus de formation professionelle des enseignantes  "leigas" dans les developpment de L'école primaire rural au Brésil et plus particulierement dans L'état de Minas Gerais. Genebra, Université de  Genève, Tese de Doutorado, 1995.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 13o Ed., Rio de Janeiro, Paz e Terra, 150p.,1982.
GEERTZ, Clifford.  Descripción Densa. Hacia una teoría interpretativa de la cultura. In La interpretación da las culturas. Mexico, 1987. P. 19-40.
________.  The interpretation of cultures. New York. Basic Books. 470p.,1973.
­­­­­RODRIGUES, J. R. Torres. Magistério leigo rural do Piauí: concepções e  práticas. Dissertação de Mestrado, PUC/SP, São Paulo, 268p., 1986.
RODRIGUES, J. R. Tôrres. Educação além do asfalto.(um estudo sobre as concepções e práticas do professor leigo rural) Teresina, Edufpi,    203p.,1999.




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