Primeiras ideias para refletir sobre o Ensino Religioso nas Escolas
Autor: Prof. Ribamar Tôrres
O primeiro princípio é conceber que só há uma dúvida na alma: acreditar que há um ser superior que rege o universo ou que tudo que existe são forças da natureza.
O segundo Princípio é conhecer o que diz a Constituição Federal de 1988: o Estado é laico e liberdade de culto.
O terceiro princípio é analisar a prática dessas premissas, tomadas como mecanismo de controle social e de destruição da liberdade humana.
O quarto princípio é analisar como a cultura, e parte dela imposta nos currículos escolares, são mecanismos de competição entre denominações religiosas e neutralização de valores como a solidariedade, a justiça, a equidade, a verdade, o amor e da própria vida.
O aspecto filosófico do sentido da ligação do homem com um ser superior se fatia em diversas correntes que não é o caso de se tratar aqui, uma vez que a intenção não é produzir um conceito abstrato, teórico, acadêmico, mas refletir sobre a matéria religiosa como conteúdo escolar a partir da minha prática educativa principalmente na escola.
Acredito que há uma consciência universal que assume diversas denominações conforme culturas e civilizações. A história de cada povo vai com certeza ter força na cooptação de crenças e práticas, de manipulações, na formação dos valores sociais e nas atitudes dos cidadãos. Essa consciência universal serve para explicar ao homem tudo que é inexplicável pela ciência. E já disse o filósofo: "A religião é o ópio do povo". Talvez um ópio necessário para sobreviver nestas estruturas sociais desiguais, injustas, totalitárias e opressoras, representadas por elites decadentes produzidas à sobra do Poder.
Por outro lado, alguns dizem que tudo vem da força da natureza, negando a existência de um ser superior. Tal premissa só serve para confirmar a existência de um ser onipotente, onisciente e onissapiente, porque ao negar este fato, eu estou admitindo que ele existe. Como posso negar o que não existe?
A forma como as civilizações se organizaram criou uma estratégia consciente para dominação e controle, contra a liberdade natural, no sentido que lhe dá Rousseau e a consciência construída nas relações sociais. É o caso do arbitrário cultural de Altusser e outros que se mete goela abaixo no processo de socialização. E a gente ainda acha que é livre. Como diz o interacionismo simbólico, "Você não é você. Você é o outro generalizado". O outro maior, poderoso e opressor que se chama sociedade na qual viemos simulando que somos parte dela e que concordamos com ela.
Nesse sentido, a escola surge como extrema importância como aparelho reprodutor e dizem outros não só reprodutor porque ela própria favorece a construção de conhecimentos que vão funcionar como uma contra-força na luta de campo no sentido de Bourdieu. Mas que contra-força é esta que anestesia as consciências a serviço de interesses do poder? Que contra-força é esta que os educadores são obrigados a registrar e prestar contas do que dizem e do que falam? Que mudança é essa que as crianças são treinadas para serem guardiões de um status quo?
Nesse ponto, a importância do ensino religioso é motivo de guerra entre as denominações que competem por mais soldados e futuros geradores de poder econômico de grupos interesses que discursam sobre um DEUS em que eles acreditam. Claro, que isso foi mais explícito quando se aceitava na escola o ensino religioso confessional. Hoje é mais sutil. Fala-se de cultura religiosa onde se expõe aspectos de todas as religiões como se fosse a degustação de produtos para que os consumidores possam optar por um. Nada mudou a não ser a tática para convencer almas para um exército de cada Deus que estes grupos constroem para justificar a defesa de um caminho que leva ao paraíso.
Como vencer a guerra dos interesses de cada denominação religiosa que desejam impor suas ideologia de Deus centro do processo de ensino e aprendizagem escolar?
Se a Constituição diz que a Educação é responsabilidade de todos e dever do Estado, então onde está a família nesse processo? A rigor seria tarefa da família e caberia a escola discutir transversalmente temáticas referentes sem quaisquer vinculações a denominações religiosas.........................(deixo aqui esta gota de provocação para continuar em breve.


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