quinta-feira, 24 de setembro de 2015

ARTE E PRODUÇÃO CULTURAL NO CAMPUS DA UNIFOR






Elizabeth Torres Rodrigues[1]
Xênia Diógenes Benfatti[2]




RESUMO


O presente estudo, desenvolvido no semestre 2014.1 na Universidade de Fortaleza, teve como objetivo avaliar como os alunos experimentam a arte e a produção cultural desenvolvida na Unifor. A metodologia usada apresenta características qualitativas e quantitativas. Os dados qualitativos foram obtidos por meio da revisão bibliográfica e por meio da análise dos documentos institucionais da Unifor. Os dados quantitativos foram obtidos por meio de um levantamento de dados realizados com cinquenta alunos do CCS (Centro de Ciências da Saúde). O instrumento usado para o levantamento de dados foi um questionário com três perguntas objetivando coletar a opinião dos alunos acerca da percepção e avaliação da produção artística. As análises permitiram observar o interesse dos alunos, pelas produções artísticas no Campus, embora poucos apreciam. Os alunos entrevistados dizem se realizar com a própria formação, outros até conciliam a arte a sua graduação. Acredita-se que a proposta apresentada no presente artigo, torna-se um instrumento ativo capaz de incentivar mais a arte e a produção cultural no Campus da Universidade de Fortaleza.    

Palavras-chave: Arte. Produção. educação cultural.

ABSTRACT

This study, conducted in semester 2014.1 at the University of Fortaleza, aims to evaluate how students experience the art and cultural production developed at Unifor. The methodology used presents qualitative and quantitative characteristics. Qualitative data were obtained via literary review and through the analysis of institutional documents of Unifor. Quantitative data were obtained via a survey conducted with fifty students from CCS (Health Sciences Center). The instrument used for data collection was a form with three questions aimed at collecting the students' opinions regarding the perception and evaluation of the artistic production. The analysis showed  the students' interest on the artistic production on campus, although it is appreciated by very few of them. Students interviewed say they are satisfied with their own formation, others say they try to reconcile art to their graduation. It is believed that the proposal presented in this article becomes an active instrument that is able to encourage more art and cultural production on the campus of the University of Fortaleza.

Keywords: Art. Production. cultural education.

INTRODUÇÃO


A Arte está presente em diferentes contextos formas e em diversos espaços, e isso historicamente pode-se observar desde a arte primitiva até hoje na contemporaneidade. Acredita-se que ela é inerente à expressão do homem, bem como genuinamente pertence às manifestações culturais.
A imprecisão da arte não se define e está relacionada à mediação do íntimo do artista e a produção de sua obra. Definir a arte não se constitui fácil, pois como afirma Layton (2001) é um desafio delimitar a fronteira do que é arte e do que não é arte.
Se as recentes tradições artísticas são tão diversas, a definição do que é, ou não, a arte, é um problema e tanto, a arte é um fenômeno difícil de definir, pela imprecisão da fronteira que existe entre a arte e não-arte, cuja localização parece muitas vezes mudar consoante a moda e a ideologia, e porque há aparentemente pelos menos duas definições viáveis do que é o âmago da arte (LAYTON, 2001, p.12-13).

A arte é identificada por sua produção e intenção, ela representa a criação e a composição de uma realização. Layton (2001) explica que a estética é um forte traço da arte e que a arte goza da prerrogativa da expressão estética.
Haselberg, um dos que tentaram traçar um quadro de estudo para a antropologia da arte (1961), adota um critério estético: as obras de arte podem ser identificadas em objetos produzidos com a intenção de serem esteticamente agradáveis, não estrita e pragmaticamente funcionais...esta abordagem goza com certeza de uma longa história na cultura ocidental. O seu fundamento é a ideia de que as qualidades essenciais da arte repousam na organização formal: a criação de composições equilibradas que jogam com expressões quase matemáticas de ritmo e harmonia. (LAYTON. 2001, p.13).

As artes produzidas e expressas no Campus da Universidade de Fortaleza têm grande valor e destaque, apresentando claramente ideias e técnicas e múltiplos produtos artísticos, que são contribuições expressivas para a formação de seus alunos.
A tradução na teoria cultural contemporâneo trata das relações entre condições de produção de conhecimento em uma cultura dada como um saber procedente de um contexto cultural diferente se relocaliza e se interpreta segundo as condições nas quais tem lugar todo conhecimento (CARBONELLI CORTÊS, 1999, p.48).
A arte e produção cultural no Campus propõe uma linguagem real e extrapola a intenção do artista na representação da qual expõe grandes códigos formais, abstratos ou concretos no processo de significação. Como diz Heidegger (1987): “Todo processo de significação amplia a percepção e o sentido ordinário que se tem das coisas [...]”.
A universidade de Fortaleza possui diversas atividades artísticas e culturais. A concepção de arte e da produção cultural no Campus é fortemente marcada pela participação da comunidade acadêmica, elucidando a arte de forma diferencial cultural, a produção artística como significativa no campo educacional, pois usa a criação artística com subjetividade.
O artigo, ora apresentado, surgiu do interesse pessoal pela a arte e pela produção artística no Campus. A investigação teve como objetivo avaliar como os alunos experimentam a arte e a produção e percebidas pela comunidade acadêmica da Unifor.
O interesse pela investigação foi aguçada pelas experiências como aluna e funcionária da Unifor, pois cotidianamente a arte no Campus é essa experimentação que contribuiu seguramente para a formação de seus alunos.
A metodologia desenvolvida caracterizou-se como qualitativa e quantitativa, pois foram feitas pesquisas bibliográficas e um levantamento de dados feito por meio de um questionário aplicado com amostra composta por 50 alunos do Centro de Ciências da Saúde. As análise aconteceram por meio do tratamento estatístico e tabulação de acordo com o sexo, idade e os diversos cursos de graduação da saúde oferecidos na Unifor.
Os resultados coletados e analisados serão apresentados em três seções: na primeira abordar-se-á os pressupostos teóricos conceituais aceca da arte ao longo da historia, na  segunda, serão apresentados os aspectos que colocam a arte como artefato de formação, e por fim, na terceira seção, serão apresentados e comentados os dados da pesquisa realizada com os alunos.
2. METODOLOGIA
A metodologia aplicada no presente artigo, teve caráter qualitativo e quantitativo e foi desenvolvida a partir de uma pesquisa empírica.
No aspecto qualitativo, pesquisou-se documentos bibliográficos e institucionais da Universidade de Fortaleza.
No aspecto quantitativo, aplicou-se um questionário de 03 perguntas. Na primeira abordagem perguntou-se, se as artes produzidas na Unifor, contribuem para formação deles. A segunda questão, perguntou-se como eles avaliam os projetos de artes na Universidade de Fortaleza. Na última seção da pesquisa, perguntou-se quais os eventos de artes que acontecem no campus, tem mais apreciação deles como espectador. A quantidade de alunos que responderam foram 50 alunos, todos da área de saúde.
Analisamos e tabulamos as diversas respostas e suas justificativas.
No instrumento de coleta, também foram identificados a idade, sexo e curso dos alunos. Os alunos respondentes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido, da qual registra a fidelidade da pesquisa.
3. RESULTADOS DA PESQUISA NO CAMPUS DA UNIFOR
A pesquisa empírica se deu em 2014.1, com alunos do Centro de Ciências da Saúde (CCS), da Universidade de Fortaleza.
Foi lançado questionário de 03 perguntas, a 50 alunos do Curso de Saúde da Unifor, cuja primeira questão os estudantes foram levados a responder a pergunta: as atividades de artes contribuem para sua formação? Acerca das respostas obtidas, pode-se registrar que: Vinte e sete (27) alunos disseram sim, justificando a visão crítica, a sensibilidade, a valorização da cultura o estímulo à criatividade; enquanto (18) destes alunos, disseram não, mesmo alguns explicando que por algumas vezes eles se sintam levados a apreciar o que a universidade oferece; outros apreciam apenas para desenvolvimento intelectual e cinco (05) alunos não responderam.
Os resultados obtidos na primeira questão foram sistematizados e geraram a tabela a seguir:
Tabela 01: Atividades de artes realizadas no Campus da Unifor e sua contribuição à Formação
Disseram sim quantos alunos
Algumas justificativas
Disseram não quantos alunos
Algumas justificativas
Não responderam
27
07



06



08


02


04  
Possibilitam uma visão mais crítica sobre o conhecimento

Trazem sensibilidade e mais crítica sobre o cotidiano

Promover a valorização da cultura

Estimulam nossa criatividade

Ampliam nosso conhecimento acadêmico
18
16


02
Mas gosto de apreciar a arte

Apenas para o desenvolvimento intelectual
05
Alunos
Fonte: Alunos da área de saúde (CCS)

Comentário
Na segunda questão, os alunos responderam a pergunta: como você avalia os projetos de artes e cultura que são realizados na Unifor? Os dados obtidos foram: quatorze (14) alunos acham interessante, dezenove (19) alunos avaliam como bons os projetos de artes; três (03) alunos responderam “ótimos projetos”; quatro (04) alunos que disseram acharem os projetos diversificados e não participam dos projetos de artes (02) alunos e ainda três (03) alunos, não manifestaram opiniões, como é demonstrado na tabela 02.
Os dados oriundos da segunda questão foram organizados na tabela 02:
Tabela 02: Como você avalia os projetos de artes e cultura que são realizados na Unifor?
ELOGIOS
CRÍTICAS

Responderam muito interessante
Responderam
Bons
Responderam
Ótimos
Responderam
Diversificados e amplos
Responderam
Não participo
Responderam
Dificilmente fico sabendo
Responderam
Não
14 alunos
19 alunos
03 alunos
04 alunos
02 alunos
05 alunos
03 alunos

Comentário
Na terceira questão, os alunos foram indagados sobre os projetos da Unifor e a participação deles nesses projetos, a pergunta foi assim feita: quais os projetos de artes que vocês participam na Unifor?
As exposições são as mais citadas pelos alunos, 80% dos respondentes afirmaram que visitam as Exposições no Espaço Cultural. O teatro aparece em segundo lugar na preferência dos alunos pois os alunos respondem que costumam apreciar as peças teatrais locais e nacionais. Alguns responderam que por vezes apreciam apresentações de músicas ou danças, nos intervalos das aulas.
Poucos alunos não vêem, não participam ou não procuram ver as artes produzidas no Campus da Unifor. Estes não têm interesse nos projetos de artes desenvolvidos na Unifor, cuidam apenas da própria graduação.
Todos estes resultados pesquisados estão disponíveis para possíveis averiguações de fidelidade da pesquisa da qual apresentamos no presente artigo.
3.1 LAMPEJO DA ARTE AO LONGO DA HISTÓRIA  
De acordo com Stephan Jones (1982) século XVIII a arte se desenvolveu ao longo do tempo e passou por muitas transformações. Percebemos que suas concepções, seus sentidos e suas formas são aspectos que nos colocam de frente aos desafios que a arte apresenta hoje na contemporaneidade.
O autor diz ainda que no século XVIII, artisticamente prosperaram as classes médias, os trabalhadores, camponeses, onde os pintores franceses, britânicos seguiram os artistas holandeses e flamengos, o qual produziam paisagens de grande beleza, vistas nas paredes de lares modestos.
Os homens de classe alta reuniam livros de arte e arquitetura, abrangendo a arte em bibliotecas, elegendo os artistas e estudiosos da época, quando o conhecimento do latim e do grego eram a base do saber da história da literatura e da arte, mostrando a tradição artística e seus avanços criativos, a chamada “grande viagem”, que estimulava os jovens a apreciar e amar a arte do seu tempo. Houve grandes referências da coleção de Zoffany, “A Vênus de úlbino”, de Ticiano, arquétipo da graça feminina em arte, aproveitando para celebrar e conhecer a belas artes. (STEPHAN JONES, 1982, p.6-7).
Ainda no século XVIII, na academia, os estudantes copiavam uma anatomia já idealizada por artistas, contudo os artistas estudavam em aulas com modelos vivos e se reportavam a extrair da natureza elementos precisos à arte ideal. (STEPHAN JONES, 1982,  p.9).
Segundo Stephan Jones (1982, p.11), no século XVIII, o estilo barroco dominou a arte europeia, onde as igrejas eram decoradas com exagerados dourados. Na Basílica de São Pedro, em Roma, Lorenzo Bernini, escultor barroco, fez um contraste com a harmonia estrutural de construção no alto Renascimento. O pintor barroco Peter Paul Rubens, com seu painel “A Descida da Cruz”, é uma grande representação do barroco, onde o corpo de Cristo, forma uma diagonal ao descer da cruz para os braços dos apóstolos, este é o grande foco dessa obra. Peter Paul Rubens, foi um dos maiores representantes do barroco.
No século XVIII, os artistas franceses, divulgaram o Rococó na Inglaterra, destacou-se William Hogoarth, artista inglês, que manuseava de forma brilhante as cores pastel da arte Rococó. Deve ser lembrado também, o grande pintor rococó da Inglaterra Thomas Gainsborough, que como Hogoarth, tinha compaixão pela humanidade. (STEPHAN JONES, 1982, p.21).
 Os artistas rococós idealizaram a arte e conquistaram seus clientes e apreciadores, enquanto a arte neoclássica também idealizou um mundo artístico, com pinturas realistas, ideias, mas não reais.
Stephan Jones (1982, p.31) diz ainda que os humanistas do Renascimento descobriram nos poetas e filósofos romanos, um padrão literário realizado e reconhecido. O autor explica que com o renascimento, surgiu a ideia de arte, onde se estabelecia a relação entre civilização ocidental e os pré-históricos, de difícil compreensão. Em nossos dias, ainda existe tribos de índios que junto ao homem contemporâneo percebem as obras de artes comercializadas.
Afirma o autor, que ao longo do tempo a arte tem se manifestado de várias formas e isso acontece desde a pré-história e se revela atualmente. Portanto, a arte é vista numa perspectiva atual contemporânea.
A arte hoje por muitas vezes se confunde com a história da arte do ocidente. A produção do ocidente se assemelha ao que o homem produz hoje, como gravuras, estatuetas, pinturas, desenhos, instalações, vídeo arte e performance.
A “Arte Pura”, surgiu quando todas as esferas da vida se especializaram entre governantes e política, camponeses e economia, sacerdotes e religião, artesões e a arte. Fala na apostila da disciplina de História da Arte, que cursei obras, por esta razão os artesões eram sustentados por nobres (médicis), apenas por produzir arte pura e da qual conhecemos hoje.
3.2 ALGUNS TRAÇOS DA HISTÓRIA DA ARTE BRASILEIRA
Segundo o artigo do Portal da Educação (2013), antes dos portugueses desembarcarem nas terras brasileiras, surgiram as formas artísticas rupestres em São Raimundo Nonato no Piauí, tendo cerca de 15000 anos. O colunista do portal, acrescenta que outras manifestações também de arte pré-histórica brasileira, ocorreu na Paraíba, onde foram encontradas pinturas com 11.000 anos, e ainda, raros desenhos em formas geométricas em Minas Gerais (2000 e 10.000 anos).
Ainda de acordo com o artigo, a arte indígena chegou em destaque na Amazônia, com enfeites de cerâmicas, estatuetas de terracota, vasos antropomorfos e zoomorfos e no litoral baiano produção de cerâmica da costa maranhense. Também se destacaram na arte indígena, a pintura corporal, arte plumaria e trançados.
Em Pernambuco ainda segundo o site, os holandeses influenciaram a nossa arte. Os negros escravos vindos da África, foram de fundamental importância na construção da cultura popular brasileira, contribuíram com danças, músicas, comidas típicas.
O Portal Educação prossegue falando do estilo Barroco no Brasil, que teve forte influência dos missionários católicos, ainda no século XVIII, deixando um legado barroco, que permita facilitou a doutrina católica e o grande interesse dos artistas europeus, pelas riquezas brasileiras (a corrida pelo ouro).
Na literatura, temos os artistas que mais se destacaram Gregório de Matos e Padre Antonio Vieira e nas artes plásticas podemos citar: Manuel da Costa Ataíde (Mestre Ataíde), que pintou a igreja da Ordem Terceira de São Francisco em Outo Preto e Antonio Francisco de Lisboa (O Alejadinho), que trabalhava com matéria prima, madeira e pedra sabão. Suas obras se espalhavam pelo país e principalmente no Nordeste e em Minas Gerais. (www.portal.com.br)
No século XIX, o Neoclassicismo superou o estilo Barroco, retratando burgueses, propondo padrões clássicos pinturas realistas, embora ideais não eram reais. Porém, com a fundação da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, o Neoclassicismo era ensinado de forma acadêmica. (artigo Portal da Educação sobre a História da Arte Brasileira, 2013)
O grande marco da história da arte brasileira, se deve a Semana da Arte Moderna em 1922, rompendo com propostas neoclássicas e implantando o Modernismo, influenciado pela arte europeia (1920), destacou-se os artistas: Mário de Andrade, Tarsila do Amaral, Di Cavalcante e Anita Malfatti (Slide Cris Padilha).
Kunzler (2010 artigo sobre a arte contemporânea) aborda que a Arte Contemporânea que é chamada de Pós-Modernidade ou modernidade Tardia (Arte contemporânea – surgiu na segunda metade do século XX) e ainda Neomodernidade, tem características, criação de idéias artísticas atuais. Porém, nem tudo que se produz hoje é considerado contemporâneo.
Albuquerque (KUNZLER, 2005a, p.14) diz que cobra a arte que lhe cause inquietação. Segundo Albuquerque, Goya é profundamente contemporâneo. Há obras que marcaram o mundo das artes, outras artes, que foram produzidas no passado, não se elegeram obras de artes.
Segundo Nelci Andreatta (2010 artigo sobre arte contemporânea) a arte contemporânea, é eclética na linguagem, suporte, materiais e conceitos, tal qual o mundo que vivemos hoje.
Harvey (apud 1992) fala que a contemporaneidade se apresenta efêmera e fugidia, quanto os happening, performances, vídeo-arte, land-arte, arte do computador, instalação, cinema, propaganda, telenovelas e o nosso cotidiano que vivenciamos a arte atual.
Nelci Andretta (2010) aborda a arte contemporânea um pouco avessa à uniformidade, seja qual for o campo (ciência, filosofia, gastronomia, TV), pois os artistas contemporâneos tem liberdade de expressar as suas múltiplas ideias e experiências.
Segundo Nelci Andreatta, fala que a arte urbana que é também uma arte contemporânea  tem invadido espaços públicos, tornando assim uma troca de experiências entre o público pedestre e a obra do artista.

3.3 A ARTE COMO ARTEFATO DE FORMAÇÃO
As universidades do século XVIII eram formalmente distantes das artes, embora estivessem próximas a nossa época com espírito moderno. As artistas mulheres foram reconhecidas pelos seus talentos profissionais e dispuseram de muitas oportunidades para pinturas, arquitetura, rococós, estilo neoclássico e raízes.
[...] essa educação era clássica e acadêmica, nesse quadro, temos o enunciado mais conciso do que entendemos por essas palavras em um contexto artístico. (A História da Arte – Universidade de Cambridge Stephan Jones, 1982, p.8).
A prioridade do ensino superior de arte aconteceu quando o reinado e o império se instalaram no Brasil e veio com isso a necessidade de formar a elite em defensores culturais. O ensino superior de arte foi criado em primeira mão, nas escolas militares, nos cursos médicos e a Academia Imperial de Belas Artes. (Barbosa Ana Mae, Arte Educação do Brasil, 2002, p.16).
O ensino da arte no século XIX não era bem quisto, o preconceito atuava em virtude aos acontecimentos que emergia em torno da criação da Academia Imperial de Belas Artes.
Com a chegada da Missão Francesa, a arte distinta e humilde já existia, já se definia traços do Barroco brasileiro. Os mestiços eram considerados artesões, contribuíram com a arte, renovando a arte brasileira propriamente dita.
Aqui chegando, a missão francesa já encontrou uma arte distinta dos originários modelos portugueses e obras de artistas humildes. Enfim, uma arte de traços originais que podemos designar com barroco brasileiro... apresentando contribuição renovadora, como realizam uma arte que já poderíamos considerar como brasileira (Barbosa Ana Mae, Arte - Educação do Brasil, 2002,  p.19).
Há complexas relações culturais que influenciaram a arte. A época entre Missão Francesa e o Modernismo foi marcada por interferências artísticas e educacionais com adequação de métodos e objetivos propostos.
No século XIX, o ensino artístico superior se sobressai como Educação Brasileira e deixa para trás o nível primário e secundário da arte.
A organização do ensino artístico de grau superior aconteceu de muitos anos sua organização em nível primário e secundário, refletindo uma tendência geral da Educação Brasileira, envolvida desde o início do século XIX na preocupação prioritária com o ensino superior, antes mesmo de termos organizado nosso ensino primário e secundário (Barbosa Ana Mae, Arte - Educação do Brasil, 2002, p.15).
Os membros da Missão Francesa eram neoclássicos e a estética da qual era de ordem preconceituosa, iniciaria a aprendizagem da arte no Brasil, marcando atividades artísticas na corte. Na época o barroco-rococó era tradicionalmente arte brasileira e abruptamente o neoclássico substitui o barroco. Somente na burguesia ecoava as manifestações neoclássicas.
O desenho geométrico, mesmo depois da Reforma Educacional (1971), era visto como ensino de arte e ainda cem anos depois foram editados compêndios de Educação Artística.
Um dos pressupostos difundidos na época, a ideia da identificação do ensino da arte com o ensino do desenho geométrico, compatível com as concepções liberais e positivas dominantes naquele período, ainda encontrado eco cem anos depois em nossas salas de aula e na maioria dos compêndios de educação artística, editados mesmo depois da reforma educacional de 1971. (Barbosa Ana Mae, Arte - Educação do Brasil, 2002, p.12).
O artista se formava com outras disciplinas teóricas adicionadas a formação e aplicava-se especificamente em desenhos e na prática mecânica. É o que diz o artigo 18, secção II:
A aula de desenho geométrico será dividida em duas séries, a primeira complementar da cadeira de matemática (frequentada por todos os alunos) e a segunda de aplicações do mesmo desenho à indústria, conforme a profissão ou destino dos alunos (Barbosa Ana Mae, Arte - Educação do Brasil, 2002, p.28).
Aprendizagem da arte nas escolas secundárias e primárias era exclusivamente o estudo de desenho, nos primeiros tempos, embora outras influências artísticas também aconteceram entre artes, a indústria e o processo de cientificação da arte.
Para Rui Barbosa apud Barbosa Ana Mae, Arte - Educação do Brasil, 2002, as artes é uma educação básica e popular. Sucesso na escola pública americana, modelo americano de ensino de Arte e que tinha pretensão de criar no Brasil.
Para ele, a educação seria uma das bases mais sólidas para a educação popular, e sua introdução na escola pública americana, principalmente através do desenho geométrico, já demonstra enorme sucesso, através desenhos produtos americanos apresentados no centenial exibition (Barbosa Ana Mae, Arte - Educação do Brasil, 2002, p.45).
Rui Barbosa apud Barbosa Ana Mae, Arte - Educação do Brasil, 2002, fala da qualidade do ensino de artes inglesas também, aludindo ao sucesso dos produtos industriais, apresentados em feiras mundiais.
André Rebouças apud Barbosa Ana Mae, Arte - Educação do Brasil, 2002, p.61 também expressou a sua concepção pela arte como educação moral: “A arte é a escola primeira do belo. O justo, o bom e o belo formam uma trindade sublime”.
O grande mestre Augusto Comte apud Barbosa Ana Mae, Arte - Educação do Brasil, 2002, dizia-se humanista da arte e fala de uma conexão entre gênio estético e científico, o que estava predisposta a maneiras da idealização e a capacidade de pensar e organizar a vida social do homem.
Augusto Comte, o grande mestre dos positivistas brasileiros, valorizava as funções humanizantes da arte e afirmava a conexão entre o “gênio estético e o gênio cientifico” já que, para ele, a formação cientifica devia “basear-se naquela formação estética geral que predispõe a desfrutar profundamente todos os modos de idealização”, tornando os homens capazes de pensar melhor sua vida social (ANA MAE, 2002, p.68-69).
A lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (n° 9.394/96, artigo 26, parágrafo 2), fala que o ensino de artes nas escolas: “constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos”.
A LDB traça princípios e objetivos da Educação Básica, Superior e suas competências, orientando na estrutura e nos processos de formação nas produções familiares, humanas, no trabalho, instituições de ensino e pesquisa, movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
A lei também diz que é dever do Estado, que o ensino de artes e demais modalidades de ensino, sejam gratuitos e obrigatórios. Que todos tenham acesso livre a esse saber, até níveis mais elevados do ensino da pesquisa e da criação artística (“Acesso aos níveis mais elevados do ensino da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um”. Art. 4° parágrafo V).
3.4 A ARTE NO CAMPUS DA UNIFOR
A educação e formação de profissionais de arte sempre estiveram intrinsicamente relacionadas, institucionalizando a formação de profissionais de artes e permitindo a sua inserção social como artefato de formação, a arte nos direciona em visão globalizante, integra e dispõe de um ensino moderno da história, concepção e produção artística. Na universidade, oferece a possibilidade do aprofundamento das áreas profissionais artísticas de estética e experimental das variadas formas de expressão da arte (desenhos, pinturas e esculturas).
No Campus da Unifor é possível produzir e apresentar a consolidar a formação da arte que é de importância relevante na concepção de obras de artes e do conhecimento de criação em todos os aspectos (intepretação sensorial, emocional e intelectual).
As experiências artísticas dentro do Campus, registram, vivenciam, reflexões, pensamentos visuais, sonoro, espacial, corporal, que por fim constroem a arte contemporânea, estabelece-se uma relação afetiva, gratificante até, pois estimular ir bem mais longe no percurso acadêmico, permitindo vislumbrar o ensino e aprendizado viáveis a formação em artes.
A aprendizagem da arte e produção cultural no Campus estabelece a mediação entre o aluno, o objeto de estudo e o professor, o que permite estimular, a inteligência, emoções, autonomia nas habilidades desenvolvidas. 
Cabe no Campus, a dramatização da arte e cultura visto que todas as expectativas serão contempladas e usufruímos de uma boa estrutura. Estas dramatizações e apresentações artísticas e culturais acontecem no Campus, não só no teatro, mas em diversos pontos agendados e divulgados online, de maneira que enfatiza o culturalismo na arte fortemente marcados aos olhos do espectador (universitários ou não, funcionários, etc.), gerando efeitos de natural aspecto humanista e cultural ao alcance de todos.
A arte e a produção cultural na Unifor se realiza os objetivos desejados. O conhecimento da arte cultura aqui, remete a infância em que as primeiras noções de artes acontecem. A coordenação motora, escrever, pintar, modelar, aí começa a arte.
O artista nasce ao se identificar a um desses processos artísticos e culturais e vai crescendo de acordo com seus talentos. O surgimento do artista caminha na elaboração de suas obras e explode na conclusão, que não será o fim e sim o começo de uma carreira que avança e elege a cada nova obra de arte produzida. Consolida e emplaca o artista, consagra-o, promove seu nome, eis o grande auge do artista (www.unifor.br)
A arte no Campus tem consolidado um quadro contemporâneo e situa-se dentro da esfera pública, demonstrando que a Universidade de Fortaleza, tem grande influência no que constitui uma grande força na formação e inclusão social. Muitas exposições acontecem também no Hall da Biblioteca, Hall do CCV, que o público acadêmico confere ou não.
A Divisão de Arte e Cultura abre um leque de possibilidades aos interessados em participar destes eventos de arte e cultura. São desenvolvidos atividades tanto para grupos como para exposições em geral.
O teatro Celina Queiroz é o espaço dedicado às artes cênicas no Campus, nele se realizam grandes espetáculos globais, peças infantis, etc. Estes eventos integram a oportunidade de muitos talentos cearenses e brasileiros a serem descobertos.
O Espaço Cultural recebe grandes e importantes exposições de âmbito local, nacional e internacional. Já tivemos a oportunidade de ver também o Museu do Ouro, diretamente da Colômbia. O Espaço Cultural recebeu também: Brasilians Itaú, guerra e paz de Candido Portinari.
Após grande reforma, o Espaço Cultural foi reinaugurado em 22-09-2004, área de 1.200m2, acolhe e integrar a essência da cultura cearense brasileira. (www.unifor/espacocultural)
Em 1988, a Universidade de Fortaleza (UNIFOR) inaugurou seu Espaço Cultural "com o objetivo de sediar grandes exposições e promover o desenvolvimento da arte em sentido amplo no Estado do Ceará". Durante anos abrigou a "UNIFOR Plástica", importante mostra que reuniu o melhor da produção cearense contemporânea. Muitos foram os olhares que prestigiaram com a beleza e sentido de sucessivas exposições de artes plásticas entre 1988 e 1991. Em 2004 o Espaço Cultural passou por reforma física, tendo sido reaberto após quatro meses, ocupando uma área de 1,2 mil metros quadrados, dotada de instalações e equipamentos, que se encontram dentro das normas museológicas do (ICOM) Conselho Internacional de Museus, extrapolando os limites do tempo, do espaço, do estilo, das formas, das cores, da tradição, para se encontrar em cada olhar do visitante o mais perplexo, mais encantado ou deslumbrado com a emoção que só a arte encerra.
Em grande estilo, por ocasião de sua reabertura, o Espaço Cultural da UNIFOR recebeu a mostra Raimundo Cela (1890 - 1945) fazendo uma retrospectiva num verdadeiro rito de passagem em comemoração ao cinqüentenário de morte desse artista cearense. Esse Espaço guarda, em si, uma missão pedagógica extensiva à sociedade cearense e que ganha corpo através da produção de um Caderno Especial, produzido pelos organizadores do evento para distribuição a professores e alunos de escolas públicas e privadas, objetivando disseminar referências para motivar o interesse do público infanto-juvenil pelas artes plásticas.
A exposição foi metodologicamente dividida em quatro sessões, nas quais se distribuem matérias acessíveis à compreensão de alunos situados em diferentes níveis de escolaridade: educação infantil, ensino fundamental I e II e ensino médio. Cada segmento apresentou obras de Cela, com textos introdutórios sobre os quadros, facilitando a interpretação dos visitantes. Além desses recursos, um folheto explicativo. Foi distribuído ainda um Suplemento Didático. Este contendo sugestões de atividades dirigidas especialmente para o trabalho educativo em sala de aula, a partir das obras expostas. Este material oportuniza aos professores o desenvolvimento de três eixos norteadores da arte-educação na escola: o apreciar a exposição; o contextualizar quando comenta sobre a biografia de Cela e o momento histórico do artista, o despertar da capacidade criativa de cada um, ao exercitar as atividades a partir do tema. Trata-se, muito mais que uma exposição artística. Na verdade, o que se tem é uma intenção deliberada de difusão da arte.
A Exposição Trajetórias Arte Brasileira na coleção Fundação Edson Queiroz, na curadoria de Paulo Herkehoff marca os 40 anos da Unifor e trás o estilo Modernismo, A Invenção do Ceará, origem, gesto, abstração informal, Pop, Natureza, Fantasmática, crianças, o moderno antes do modernismo, cidades, abstração geométrica Volpi, Neocentrismo, concretos, segunda geração construtiva, geometria líquida, contemporâneo, gráfico. Hoje em Exposição na Pinacoteca de São Paulo.
O acervo da exposição Trajetórias reuniu obras artísticas de Eliseu Visconti, Lasar Segall, Alfredo Volpi, Antonio Bandeira e outros estilos e técnicas diferenciadas.
Nos 20 anos do Espaço Cultural, é consolidado; um espaço para apreciação da arte visual, proporcionando a exposição de obras de artistas novos e consagrados. Nesta ocasião a XV Unifor Plástica, apresenta obras com inquietações deixando livre a imaginação e o olhar de cada espectador.
As crianças e jovens de escolas públicas e particulares, através do Projeto Arte Educação, visitam o espaço, promovendo a formação do indivíduo, que tem um olhar único e individual. (Livro ilustrado da XV Unifor Plástica – apresentada de 16/09 a 13/12 de 2009).
Podemos destacar ainda, a exposição de Raimundo Cela, cearense de Sobral, cujas obras retrataram a vida nordestina dos pescadores. A exposição de suas obras tornou a visitação educativa, levando o conhecimento ao público infanto-juvenil e adultos.
A Unifor aos seus 40 anos, atinge sua maturidade e amplia a arte e cultura, com seu slong: “Ensinando e Aprendendo”, onde realiza o evento de grande qualidade, o maior festival de música clássica do estado do Ceará – “O Festival Eleazar de Carvalho”.
O XV Festival Eleazar de Carvalho aconteceu no Campus, em 21 de julho de 2013, um grande estímulo à cultura e ao desenvolvimento de talentos, levando a arte a um recurso pedagógico de arte de relevante importância à comunidade acadêmica. (Folder do Festival Eleazar de Carvalho). 
CONCLUSÃO
Após pesquisa empírica concluída, deduz que a arte é muito atuante na Universidade de Fortaleza, embora uma minoria da comunidade acadêmica participe. Com este estudo e pesquisa apresentados neste artigo, o objetivo de avaliar como os alunos experimentam a arte produção cultural no Campus, nos fez conhecer como a arte e sua produção são percebidas na Unifor.
A proposta seria estender a pesquisa aos demais centros da universidade. Assim teríamos uma visão de arte abrangendo a comunidade acadêmica na sua totalidade.
A pesquisa desenvolvida ao longo deste trabalho permitiu ideias e contribuição no que diz respeito a divulgação da arte e produção cultura no campus da Unifor.
Os universitários da área de saúde se integram e apreciam aos projetos artísticos que acontecem na Universidade e atrelam a uma relação com sua formação.
O conhecimento, o aprendizado e a construção da arte é constante, só a experiência cotidiana poderá apresentar e alcançar novas discussões e resultados à pesquisa continuada.
REFERÊNCIAS
A história da arte brasileira. Portal Educação. Disponível em: <www.portaleducacao.com.br/ pegagogia/artigo/53967/historia-da-arte-brasileira>. Acesso em:
BARBOSA, Ana Mae. Arte-Educação no Brasil. 5. ed. São Paulo: Perspectiva, 2002.
Folder da Exposição Trajetórias
Folder do Festival Eleazar de Carvalho, 2013
JONES, Stephen. A Arte do Século XVIII. São Paulo: Círculo do Livro, 1982. (Coleção História da Arte da Universidade de Cambridge)
KUNZLER, Nelci Andreatta. Arte Visual do mundo contemporâneo. Revista Digital do Laboratório de Artes, Centro de Educação – Universidade de Federal de Santa Maria. PUC/RS, 2010.
LAYTON, Robert. A antropologia da arte. Lisboa: Edições, 70, 2001. (Coleção Arte & Comunicação)
www.unifor.br
www.unifor.br/espacocultural



[1] Graduanda do Curso de Artes Visuais da Universidade de Fortaleza – UNIFOR.
[2] Doutorado em Educação pela Universidade Federal do Ceará – UFC.

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