quinta-feira, 17 de setembro de 2015

                                                               Reflexões do cotidiano
                                                         Prof.   José Ribamar Tôrres Rodrigues
Doutor em Educação pela USP
Mestre em Educação pela PUC/SP
Estágio em Formação de Professores no IUFM de DOUAI/ França
Estágio em formação de Professores em CUBA
Ex-Membro do Conselho Estadual de Educação/PI
Coordenador do Fórum Estadual de Educação  
                                                                        Membro do Banco de Avaliadores do MEC/INEP

    A PÁTRIA
    Ama, com fé e orgulho, a terra em que nasceste!
    Criança! não verás nenhum país como este!
    Olha que céu! que mar! que rios! que floresta!
    A Natureza, aqui, perpetuamente em festa,
    É um seio de mãe a transbordar carinhos.
    Vê que vida há no chão! vê que vida há nos ninhos,
    Que se balançam no ar, entre os ramos inquietos!
    Vê que luz, que calor, que multidão de insetos!
    Vê que grande extensão de matas, onde impera
    Fecunda e luminosa, a eterna primavera!
    Boa terra! jamais negou a quem trabalha
    O pão que mata a fome, o teto que agasalha...
    Quem com o seu suor a fecunda e umedece,
    Vê pago o seu esforço, e é feliz, e enriquece!
    Criança! não verás país nenhum como este:
    Imita na grandeza a terra em que nasceste!
    Olavo Bilac
 Criança, não verás nenhum país como este!  Diz o poeta. Mas o que se precisa fazer para que este país seja motivo de orgulho para todos os cidadãos?  Estes cidadãos que passam a vida pagando as mordomias de alguns, os privilégios de outros e a monarquia instalada há 500 anos se reveza no poder para manter a "casa grande e zenzala" que se reproduz nos acordos familiares do Reino. Tios, sobrinhos, avós, irmãos, primos, amigos de infância e os afins político-ideológicos, de crenças e de favores continuam a manter a colonização interna da grande maioria que continua acreditando na bondade do Rei.
A colonização moderna, avançada, aparelhada para convencer pelo populismo que há uma esperança de mudança. Mas que Mudança? Do assistencialismo romântico! Espoliador! Cooptador! que justifica no imaginário da miséria a corrupção como uma prática justa para quem se coloca como pai e mãe dos desvalidos.
Somos colonizados por uma elite política, religiosa, estudantil, trabalhadora, empresarial e econômica e intelectual que se aliam para manter seus interesses em detrimento da maioria e que frações desta maioria são cooptadas por discursos e favores que mantem uma rede de exploração, submissão e autoritarismo.
Somos colonizados por uma ditadura civil já prevista por Dom Paulo Evaristo Arns em entrevista na Folha de São Paulo na década de 80 quando se combatia o neoliberalismo em defesa de um socialismo. 
Somos colonizados por um consórcio de interesses que distribui aos cidadãos, a conta-gotas, os Direitos Civis, Políticos e Sociais à medida em que se amortecem os conflitos e os levantes desorganizados e personalísticos de pseudas lideranças que nada mais são que soldados do regime.
Somos colonizados por um grupo de interesses multinacionais que drenam nossa vida, nossa esperança, nossa coragem, nossa ética, nossa honradez, nossa felicidade.
Somos colonizados por opção de esperança de que um dia tudo vai melhorar se Deus Quiser! É a monarquia teocrática, autoritária falando de República, de Direitos, de desenvolvimento, de cidadania e de DEMOCRACIA!
Somos colonizados! Mas não somos todos INOCENTES parafraseando ao contrário do que disse o grande escritor piauiense O. G. Rego de Carvalho Cujo romance tem o título de Somos Todos Inocentes.
Somos colonizados porque foram roubados os nossos direitos à Educação, à Saúde, ao Trabalho, à liberdade!
Somos colonizados porque nos deixamos corromper pelos interesses, pelas benesses do poder, pela anestesia de religiões incrustadas no campo de gravidade do Poder!
Somos colonizados porque legitimamos, pelo voto, nossos próprios algozes!
Somos colonizados, enfim, porque nos acostumamos à vida de colonos que amam os capatazes e os patrões e assistimos sorrindo seus discursos fantasiosos, admiramos suas ostentações e temos esperança de um dia, se Deus quiser nos tornarmos um deles!
Não estou falando só deste momento que o país vive. Estou falando de uma história de séculos forjada a partir da escravidão que a lei aboliu e foi substituída pela escravidão acobertada pela lei que determina os privilégios onde patrões e capatazes continuam com o chicote que nos humilha e nos faz domesticados.
Lembram da grande produção intelectual e dos discursos político-partidários em combate radical ao liberalismo e neoliberalismo?
E o que estamos vivendo há séculos?  Uma prática monárquica, escravocrata, neoliberal paralela às Leis  que falam de democracia, liberdade de expressão, cidadania, enfim, de direitos,  colocados como iscas para manter a salivação dos súditos, como na experiência de Pavilov, para demonstrar o condicionamento, onde um cachorro salivava toda vez que lhe era mostrado determinado alimento mesmo que não pudesse degusta-lo. Estamos tal qual, salivando pelos direitos que nunca são garantidos e nem alcançados. Salivando pela liberdade de expressão, pela educação, pela saúde e pela conquista da cidadania que continua como na Grécia. Eram cidadãos somente os nobres e algumas castas. Pobres, estrangeiros, crianças, mulheres não eram considerados cidadãos.
Que é da mudança apregoados nos palanques, nos púlpitos, nas praças, nos palácios e nos meios de comunicação?
Que é dos cidadãos que assistem anestesiados e hipnotizados os discursos de mudança há gerações?
Que é dos cidadãos que aguentam a pancada do chicote como bom patriota?
Algo precisa ser feito! Não para inverter posições. Não para implantar outra Ditadura popular, ou a Ditadura de uns sobre outros, mas para implantar a Ditadura dos Direitos sobre os privilégios.
"CRIANÇA, NÃO VERÁS NENHUM PAÍS COMO ESTE!"




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