Ribamar Tôrres
A proposta de criação deste blog objetiva a abertura de um novo espaço de discussão das políticas públicas de educação e suas relações econômicas, políticas, sociais e culturais. The proposal to create this blog aims to open a new space for discussion of public education policies and their economic, political, social and cultural relations.
quinta-feira, 30 de julho de 2015
A CELA DE AULA: Educação Superior para inclusão
social e construção da cidadania
A CELA DE AULA: Educação Superior para inclusão
social e construção da cidadania
José Ribamar Tôrres Rodrigues
Doutor em Educação pela USP
Mestre em Educação pela PUC/SP
Estágio em Formação de
Professores no IUFM de DOUAI/ França
Estágio em formação de
Professores em CUBA
Membro do Conselho Estadual de
Educação/PI
Membro do Banco de Avaliadores do
MEC/INEP
Este
artigo visa refletir a missão das instituições educacionais e afins através do
chamado regime e colaboração para a formação técnica e humanística de cidadãos
excluídos da sociedade como diferencial para uma atuação profissional
competente e comprometida com o exercício da cidadania.
O avanço
do ensino superior nas últimas décadas, no Brasil, tem dado ênfase aos
conhecimentos acadêmicos em detrimento do desenvolvimento científico- cultural
e humanístico, formando, por conseguinte, uma nova geração de profissionais
carentes desta visão holística dos processos humanos e produtivos, ocasionando
problemas sociais, econômicos e políticos.
Pensar a
acessibilidade de parcelas excluídas da sociedade deve levar em conta no mundo
das transformações, inovando no processo de formação centrada na competência
científica, no compromisso e no desenvolvimento humano e social.
A nova
razão social tem como fundamentos principais o relativismo, a complexidade
e a virtualidade nas formas de criação e expressão nos diversos
campos do conhecimento: na antropologia, nas artes plásticas, na astronomia, no
audiovisual, nas ciências cognitivas, na cultura pop, no direito, na educação,
na economia, na filosofia e filosofia da ciência, na geografia, na história, na
informática (Internet), na política, na religião, nos sistemas de comunicação,
na sociologia, no sexo e na teoria literária.
Este projeto tem como princípios gerais a:
formação
para os direitos humanos –
alicerçada na urgência da igualdade dos direitos; dignidade humana; na garantia
do acesso e da permanência do indivíduo no processo de aquisição de
conhecimentos básicos, necessários à sua inclusão social, política e econômica;
formação
para a democracia e cidadania –
orientada para a oferta de igualdade de condições; garantia de inclusão do
indivíduo nos processos sociais, participação ativa e sua convivência
democrática; respeito à pluralidade de ideias, desenvolvimento de
potencialidades de conhecimento, julgamento e escolha;
formação
para o desenvolvimento econômico e social – sustentada na garantia da
qualidade do ensino, na gestão democrática, na valorização profissional, na
formação para o trabalho e para os valores humanísticos, científicos e
tecnológicos.
Como
princípios pedagógicos de formação profissional:
A
Formação tecnológica – orientada para o domínio de ferramentas científicas e o
desenvolvimento de habilidades, competência e aplicação exigidas pelo mundo do
trabalho na sociedade do conhecimento;
A
pesquisa – como ferramenta de aprendizagem e de produção de novos conhecimentos
científico-tecnológicos;
A
interdisciplinaridade – como ferramenta do domínio da construção do pensamento
lógico e compreensão de totalidade dos fenômenos técnico-científicos e
profissionais na abordagem do conhecimento em rede.
A informática trouxe uma nova lógica de viver e agir sobre a natureza.
Introduziu novas ideias e novas possibilidades antes inconcebíveis. destacam-se
a da interatividade através da Internet e conectividade permite o intercâmbio
de diversas formas de informações e a solução cooperativa de problemas.
A Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 prescreve no Capítulo IV as
finalidades do Ensino Superior. Dentre outras finalidades expressa no Art. 43
A educação superior tem por finalidade:
[...]
Inciso VI
– estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular os
nacionais e regionais, prestar serviços especializados à comunidade e
estabelecer com esta uma relação de reciprocidade.
Inciso VII – promover a extensão aberta à
participação da população, visando à difusão das conquistas e benefícios
resultantes da criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica, geradas
na instituição.
O
processo educacional, em função do excesso de controle legal necessário para
coibir abusos, tem enfatizado, apenas, os conteúdos curriculares em detrimento
da formação humanístico-cultural necessária à formação da consciência
reflexiva, fundamental para o exercício da cidadania ativa.
Dados
apontam que a escolaridade média da população piauiense é de 2,7 anos de estudo
contra 7,5 anos dos Estados mais desenvolvidos do País. A mortalidade
infantil é de 49,1 de cada 1.000 crianças nascidas vivas. Há uma grande
massa de jovens e adultos excluídos da educação básica. Estes engrossam
os contingentes de mão de obra desqualificada do mercado de trabalho. A
evasão e repetência aproximam-se do índice de 40% de uma matrícula em torno de
650 mil estudantes na educação básica, somadas às quase 400 mil crianças sem
acesso a educação infantil, 72 mil fora do ensino fundamental e cerca de 200
mil fora do ensino médio; só 22% dos empreendedores tem nível superior; 78% têm
nível médio e, ainda, um milhão de analfabetos, quase a metade da população do
Estado, mostram o quanto é grave a situação educacional e produtiva do Piauí.
A
população presidiária do Piauí, de acordo com documento da Secretaria de
Justiça é um pouco mais de 2.600 internos. De acordo com a ex-secretária Cleia
Maia, em documento do setor penitenciário da época, há deficiências. Neste
sentido diz:
Precisamos aumentar os projetos de assistência aos
detentos e para isso precisamos contar com o apoio não apenas do setor público,
mas da iniciativa privada, dos conselhos de comunidade para acompanhar e ajudar
a desenvolver essas ações. Ainda temos muitas dificuldades para realizar as
ações de assistência em razão das próprias dificuldades financeiras e de
recursos humanos.
Diz,
ainda, o documento que:
As poucas ações de capacitação são feitas dentro
dos
presídios.
Dentre os programas estão o incentivo à produção artesanal, convênios e
parcerias para garantir trabalho e renda aos apenados. A
iniciativa do CNJ é, portanto, bem-vinda. Cleia Maia diz que qualquer ação que
venha assistir a pessoa presa ou o egresso do sistema é positiva,
principalmente para diminuir o que hoje representa a maior barreira para
ex-detentos: o preconceito.
Esta realidade desfavorável influencia na recorrência de outros fenômenos
sociais tais como a violência, a exclusão social, a degradação de valores
sociais, desvios de conduta, e desmotivação e os processos de negação da
cidadania.
Assim,
este projeto pretende, através da ação de responsabilidade social das
instituições públicas e privadas, oferta de bolsas integrais para presidiários,
presidiárias ou dependentes em cada curso de graduação.
Desse
modo, urge a Implantação de oferta de cursos superiores à distância em parceria
com a Secretaria de Justiça do Estado do Piauí, através da concessão de bolsas
de estudo integral para presidiários, presidiárias e/ou dependentes, visando o
compromisso com a responsabilidade social, extensão, inclusão social e
reconstrução da cidadania de pessoas vitimadas pelas condições de vida em
situação de risco social, bem como de seus dependentes e familiares e aos
servidores do sistema prisional e de segurança do Piauí.
Para
isso, é preciso estabelecer parcerias a com a Secretaria de Justiça do Estado
do Piauí e demais instituições que atuam no sistema prisional para a execução
desta proposta de oferta de formação em nível superior à distância para
presidiários, presidiárias e/ou dependentes e familiares e aos servidores do
sistema prisional e de segurança do Piauí. A inclusão pressupõe a preparação
para o mundo do trabalho dai é necessário oferecer formação
técnico-profissional em nível de aperfeiçoamento (inicial) e em nível médio
para presidiários, presidiárias e/ou dependentes e familiares e aos servidores
do sistema prisional e de segurança do Piauí.
A
Formação, em nível superior, presidiários, presidiárias e/ou dependentes e
familiares e aos servidores do sistema prisional e de segurança do Piauí
favorece sua ressocialização, reconstrução da cidadania e oportunidades de
emprego e renda;
As
políticas governamentais de inclusão social de ressocialização de presidiários,
presidiárias com a formação de profissionais para o mundo do trabalho significa
a reconquista da dignidade social;
Os
programas de desenvolvimento social, político e econômico do estado do Piauí
através de ações de impacto, via responsabilidade social, extensão, inclusão
social implica na concretização de inclusão social e econômica desta população
segregada.
A
viabilização desta ação exige decisões interinstitucionais para a oferta de
bolsas de estudo integral nos cursos técnicos de aperfeiçoamento, técnicos
nível médio e de graduação (superior) para presidiários, presidiárias ou
dependentes, das penitenciárias: Major César, Irmão Guido e penitenciária
feminina da Cidade de Teresina e presídios do Estado do Piauí e a seus
familiares e aos servidores do sistema prisional e de segurança do Piauí.
Instalação
de salas de aula (uma em cada presídio) nas penitenciárias: Major César, Irmão
Guido e penitenciária feminina e demais presídios do Estado do Piauí;
Instalação
de dois laboratórios de informática com acesso à internet, em cada um dos
presídios envolvidos;
Instalação
de biblioteca básica em cada presídio do Estado do Piauí para atendimento aos
presidiários ou dependentes e a seus familiares e aos servidores do sistema
prisional e de segurança, envolvidos no curso;
Atendimento
de presidiários, presidiárias ou dependentes das penitenciárias Major Cézar,
Irmão Guido, penitenciária feminina demais presídios do Estado do Piauí e a
seus familiares e aos servidores do sistema prisional e de segurança;
A humanização do sistema carcerário do Piauí é urgente para que se cumpram os
preceitos constitucionais, os valores culturais e éticos da cidadania.


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