quarta-feira, 23 de novembro de 2022

DEMOCRACIA E LEGITIMIDADE DO PODER POLÍTICO EM UMA SOCIEDADE BRASILEIRA EM CRISE

 

 DEMOCRACY AND LEGITIMACY OF THE POLITICAL POWER IN BRAZILIAN SOCIETY IN CRISIS 


 José Ribamar Tôrres Rodrigues Doutor em Educação pela USP Mestre em Educação pela PUC/SP Estágio em Formação de Professores no IUFM de DOUAI/ França Estágio em formação de Professores em CUBA Ex-Membro do Conselho Estadual de Educação/PI Coordenador do Fórum Estadual de Educação Membro do Banco de Avaliadores do MEC/INEP

 José Ribamar Rodrigues Tôrres PhD in Education from USP Master in Education from PUC / SP Internship in Teacher Training in the IUFM of DOUAI / France Former member of the State Board of Education / PI Coordinator of the State Education Forum Member of Appraisers Bank MEC / INEP

RESUMO

 Este artigo foi produzido a partir das aulas ministradas pela professora doutora Maria Victória de Mesquita Benevides na disciplina Sociologia da Educação VIII – Estado, Democracia e Educação no Brasil no Curso de Doutorado em Educação da Universidade de São Paulo – USP em 1997. É desconfortante perceber que as discussões teóricas e da realidade, travadas por autores clássicos e contemporâneos sobre o tema denunciam o recrudecimento dos problemas e comprovam sua atualidade. Trata-se de uma discussão sobre a legitimidade do poder em uma sociedade brasileira em crise ético-moral, política e econômica responsável por uma das maiores crises sociais e de esperança do país.

 Palavras-Chave: Democracia. Legitimidade. Poder Político. Sociedade Brasileira. Crise. 

ABSTRACT 

This article was produced from the classes taught by Maria Victória de Mesquita Benevides in the discipline Sociology of Education VIII - State, Democracy and Education in Brazil in the Doctoral Course in Education of the University of São Paulo - USP in 1997. It is discomforting to realize that the theoretical discussions and the reality, clashed by classic and contemporary authors on the subject denounce the intensification of the problems and prove their actuality. It is a discussion about the legitimacy of power in Brazilian society in an ethical-moral, political and economic crisis that is responsible for one of the greatest social and hopeful crises in the country.  

 Keywords: Democracy. Legitimacy. Political power. Brazilian society. Crisis.

 RESUMÈ   

Cet article a été produit à partir de la leçon enseignée par Maria Victoria Benevides Mosquée dans la discipline de la sociologie VIII Education - Etat, la démocratie et l'éducation dans le programme de doctorat Brésil en éducation de l'Université de São Paulo - USP en 1997. Il est discomforting de réaliser que les discussions et la réalité théoriques, se sont battus par des auteurs classiques et contemporains sur les dénoncer sujet des problèmes de recrudecimento et prouver sa pertinence. Ceci est une discussion sur la légitimité du pouvoir dans ma société brésilienne sur la crise éthique et morale, économique et politique responsable de l'un des plus grands social et espérons que la crise du pays.

   Mots-clés: Démocratie. Légitimité. pouvoir politique. société brésilienne. Crise.

RESUMEN 

Este artículo fue producido a partir de las clases impartidas por María Victória de Mezquita Benevides en la disciplina Sociología de la Educación VIII - Estado, Democracia y Educación en Brasil en el Curso de Doctorado en Educación de la Universidad de São Paulo - USP En 1997. Es desconcertante percibir que las discusiones teóricas y de la realidad, trabadas por autores clásicos y contemporáneos sobre el tema denuncian el recrudecimiento de los problemas y comprueban su actualidad. Se trata de una discusión sobre la legitimidad del poder en una sociedad brasileña en crisis ético-moral, política y económica responsable de una de las mayores crisis sociales y de esperanza del país. 

  Palabras clave: Democracia. Legitimidad. Poder político. Sociedad brasileña. Crisis. 

SOMMARIO 

Questo articolo è stato prodotto dalla lezione insegnata da Maria Victoria Benevides Moschea nella disciplina della sociologia VIII Istruzione - Stato, Democrazia e educazione in Brasile Dottorato in Formazione dell'Università di São Paulo - USP nel 1997. E 'sconfortante rendersi conto che le discussioni teoriche e realtà, combattute da autori classici e contemporanei sui problemi recrudecimento soggetto denunciare e dimostrare la sua rilevanza. Questa è la discussione della legittimità del potere nella società brasiliana ma sulla crisi etica e morale, economica e politica responsabile di uno dei più grandi sociale e la speranza di crisi del paese. 

Parole chiave: Democrazia. Legittimità. Potere politico. Società brasiliana. Crisi.

Zusammenfassung 

Staat, Demokratie und Bildung in Brasilien Promotion im Fach Erziehungswissenschaft der Universität von São Paulo - - USP 1997. Dieser Artikel wurde aus der von Maria Victoria Benevides Moschee in Soziologie Disziplin VIII Bildung gelehrt Lektion hergestellt. Es ist unbehaglich, dass die theoretischen Diskussionen und Realität zu verwirklichen, von klassischen und zeitgenössischen Autoren zu den Themen denounce recrudecimento Problemen bekämpft und ihre Relevanz unter Beweis stellen. Dies ist eine Diskussion über die Legitimität der Macht in ma brasilianischen Gesellschaft aus ethischen und moralischen Krise, wirtschaftliche und politische Verantwortung für eine der größten sozialen und hoffen, dass die Krise des Landes.  

 Stichwort: Demokratie. Legitimierung. Die politische Macht. Die brasilianische Gesellschaft. Krise.   

РЕЗЮМЕ   

 Данная статья была подготовлена ​​из классов преподаются профессор доктор Марией Мечеть Виктории Benevides в социологии дисциплина VIII образования - государства, демократии и образовании в программе Бразилии докторантуры в области образования в Университете Сан-Паулу - USP в 1997 году. Это неутешительный понимать, что теоретические дискуссии и реальность, воевавших на классических и современных авторов по проблемам recrudecimento субъект разоблачать и доказать свою значимость. Это обсуждение власти легитимности в бразильском обществе по этическому и моральному кризису, экономический и политический, ответственному за один из самых больших социальных и надеюсь, что кризис в стране.

 Ключевые слова: демократия. Законность. Политическая власть. Бразильское общество. Кризис. 

REZYUME 

 Dannaya stat'ya byla podgotovlena ​​iz klassov prepodayutsya professor doktor Mariyey Mechet' Viktorii Benevides v sotsiologii distsiplina VIII obrazovaniya - gosudarstva, demokratii i obrazovanii v programme Brazilii doktorantury v oblasti obrazovaniya v Universitete San-Paulu - USP v 1997 godu. Eto neuteshitel'nyy ponimat', chto teoreticheskiye diskussii i real'nost', voyevavshikh na klassicheskikh i sovremennykh avtorov po problemam recrudecimento sub"yekt razoblachat' i dokazat' svoyu znachimost'. Eto obsuzhdeniye vlasti legitimnosti v brazil'skom obshchestve po eticheskomu i moral'nomu krizisu, ekonomicheskiy i politicheskiy, otvetstvennomu za odin iz samykh bol'shikh sotsial'nykh i nadeyus', chto krizis v strane. 

Klyuchevyye slova: demokratiya. Zakonnost'.Politicheskaya vlast'. Brazil'skoye obshchestvo. Krizis.   

 

 Em primeiro lugar, é preciso entender que tipo de democracia vivemos no Brasil. Suas raízes históricas, os grupos minoritários de interesse que, secularmente, pilham a nação e se apoderam da maioria de todos os bens produzidos pela maioria marginalizada, sufocada e enganada a cada pleito eleitoral. O que eles consideram mudança é pura acomodação de forças que se agrupam e se revezam no poder para manter os privilégios e condenar os demais que assistem ao espetáculo como simples excluídos que legitimam e dão força aos seus algozes, travestidos de “salvadores da pátria”. 

Não é suficiente dizer que o povo elegeu e com isso querer mostrar legitimidade, mas é preciso refletir que o povo elegeu, mas em que condições? Uma população de maioria manipulada pelo novo populismo que na realidade não tem nada de novo porque se fundamenta em velhas práticas do assistencialismo em contraposição ao direito apregoado na Carta Magna. Uma população à deriva pela falta de acesso aos elementos básicos de construção da cidadania. Uma população de maioria desescolarizada e impedida de exercitar as faculdades de análise, julgamento e escolha.

 Uma população de maioria trabalhadora refém do poder econômico e político. Uma população de maioria excluída do trabalho, da saúde, da educação, da segurança, das condições mínimas de sobrevivência e do exercício do arbítrio da liberdade de escolha e de qualidade de vida. Como os políticos vêem o eleitor: 


 Como o Político ver o eleitor

                                              
                                                        Eleitor antes da Eleição

                                               Eleitor depois da Eleição   
 Fonte: Miro Stefanovic. Beska - Sérvia. 01/07/2015.

  Em “O Futuro da democracia” Norberto Bobbio (1986, p. 17-40; 151-171) propõe uma definição mínima de democracia contraposta às demais formas de governo autocrático. Para ele, as regras democráticas definem quem está autorizado a tomar decisões e com quais procedimentos cujo ponto de partida reside na quantidade dos que tem direito ao voto e sob determinadas condições. 

Para Bobbio, não basta um elevado número de cidadãos que tem direito de participar direta ou indiretamente das decisões coletivas. Não bastam regras de legitimação como critérios de maioria ou da unanimidade. È preciso que os que vão decidir sejam colocados diante de alternativas reais e lhes sejam garantidas as condições de escolher uma ou outra para superação do discurso e prática e entre o prometido e o realizado e fazer valer a vontade coletiva de modo a transformar súditos em cidadãos.

A democracia representativa defende a concepção de que a democracia tem uma característica coletiva onde existem grupos e não indivíduos que no dizer de Bobbio passa de centrípeta para entrífuga, policêntrica e poliárquica pela distribuição do poder. O autor alerta que a representação política não se confunde com representação de interesses, a primeira (representação política) representa a nação e a segunda, (representação de interesses) representa os eleitores e, em decorrência disto, há o favorecimento da persistência de oligarquias.

 De outro lado, Joseph Schumpeter (2003) considera que governo democrático não é a ausência de elites, mas a presença de muitas elites que ao nosso entender é a democratização para formação de várias elites, isto é, a superação das desigualdades e o acesso de todos às instâncias de decisão. Nesse sentido cabe falar em sociedade regulada (sociedade sem governo) defendida por Gramsci, (1975) isto é, sociedade sem divisão de classes o que teria o mesmo sentido que Karl Marx dá a evolução da trilogia capitalismo-socialismo –comunismo, sendo este último à utopia da sociedade perfeita que na visão mais radical anarquista e libertária de Mikhail Alexandrovich Bakunin (1995) evoluiria diretamente do capitalismo sem necessidade de uma transição socialista. Para Bobbio, sem o direito de controlar o poder não há garantia de respeito aos direitos- liberdade. 

 Eleição livre? 

 

  Fonte:Seyedbehzod Ghafarizodeh. Montreal. 01/07/2015. 

 

A concepção de elite posta neste artigo não se confunde com o poder econômico. Elite, para o autor desta reflexão, se compõe várias frações de classes quais sejam: elites econômicas, elites religiosas, elites políticas, elites estudantis, elites sindicais, elites da comunicação, elites de categorias profissionais, elites artísticas, dentre outras que formam uma rede de conformação social e agem como mecanismo de controle de grupos sociais de cujas organizações participam ou com cujas organizações que se identificam.

 Esse processo de relações não só definem campos de cooptação como neutralizam os possíveis movimentos populares de libertação rumo à autodeterminação dos cidadãos. Não há como defender o máximo controle do poder pelos cidadãos, sem que se defenda, também, o máximo de controle dos cidadãos por parte do poder. Para isso, a condição é o cidadão educado, promessa não cumprida no dizer de Bobbio e que significa educação para a cidadania. Nesse sentido, Stuart Mill acredita que a educação do cidadão tem como ponto de origem o próprio exercício da prática democrática., colocando a participação eleitoral como grande valor educativo. 

 No Brasil, no entanto, a quebra das regras do jogo em benefícios de grupos, torna esse processo eleitoral deseducativo e pernicioso ao processo consciente de análise, julgamento e escolha de seus representantes onde há um verdadeiro “conluio” cujo voto é moeda de troca. Bobbio considera que a passagem de uma economia familiar para uma economia de mercado e dessa para uma economia regulada, planificada, protegida requer competências técnicas que para Saint Simon favoreceria a substituição de governos legisladores por cientistas, aumentando o aparato burocrático organizado do vértice para a base quando o poder político na democracia se organiza da base para o vértice.

 

 Selfie de Político

                          Selfie of Politician

 Fonte:  Carlos Augusto R. Nascimento.Belém do Pará. 01/07/2015

 

 

 Nesse sentido, questiona o autor que se a democracia é um conjunto de regras, procedimento como pretender cidadãos ativos? O mesmo autor estabelece a diferença entre “governo das leis e governo dos homens”, considerando-se não somente quais e quantos são os governantes, mas o seu modo de governar. Neste sentido diz Platão: [...] chamei aqui servidores das leis aqueles que ordinariamente são chamados de governantes [...], todavia, aos governantes é necessária, também, a lei [...] que não pode estar submetido a paixões. 

Ora, a lei não tem paixões que ao contrário está em toda alma humana” (Política, 1986 a), Bobbio arremata que o governo dos homens vincula-se à figura do soberano-pai, soberano-patrão que aproxima de concepções paternalistas ou patriarcalistas onde o Estado é considerado família cujos vínculos que os unem ao grupo não são jurídicos, mas éticos que para Kant governo fundado no princípio da benevolência, do paternalismo é o pior despotismo. 

Refletindo-se sobre estas ideias destes autores, evidenciam-se contrastes e avanços onde o ideário democrático não foi atingido, bem como suas transformações não realizadas no Estado moderno onde se destaca o aparato técnico e as questões da cidadania e dos valores. Por outro lado, levantam-se posições a favor e contra o governo fundado nas leis e o fundado nas vontades do soberano. 

A representação política e suas relações com interesses gerais e particulares esbarram na pergunta feita por Bobbio: “existe algum critério geral capaz de permitir a distinção entre interesses particulares e interesses de grupo?”. 

Supomos que não há um ou outro em estado puro embora possamos identificar tendências de representação de interesses nos chamados ACORDOS, Parece não ser apropriado dizer que há somente representação de interesses, mesmo porque tais acordos submetem-se a regras gerais sob determinadas condições dos sistemas econômico e social. 

Portanto, envolve interesses mais amplos que ao mesmo tempo satisfaz interesses de grupo particular. Presumo que os acordos embora assumam muitas vezes posições corporativas, asseguram uma série de condições que visam garantir a “estabilidade social”, vinculada á sobrevivência de grupos em seus interesses mais imediatos. Creio que o autor tangenciou a questão dos “critérios gerais”. O autor acima citado, considera os acordos como expressão “típica de representação de interesses”, no entanto considera diferente os acordo em nível sindical. 

Os sindicatos (hoje) no Brasil representam concepções diferentes da luta do trabalhador que vai de posições extremas à cooperação e da força à negociação, da contestação à busca de resultados, do corporativismo à diluição de lutas no movimento geral. Uma prova disso, é que sindicatos tem elegido diversos militantes para o parlamento e nem por isso a luta sindical parece avançar em suas divergências. 

A expansão do processo democrático não se configura pelo lugar onde se exerce o direito de escolha, do voto, mas como exerce esse direito de escolha, ou seja, a qualidade do exercício desse direito e como isto pode evitar processos crônicos de cooptação e manipulação (populismo). O fenômeno da renúncia do próprio direito pelo cidadão parece uma afirmação autoritária uma vez que se admite que só o uso do direito de votar (sentido positivo) favoreceria uma educação para a cidadania, eliminando-se a possibilidade de escolha o que seria antidemocrático. 

Presumo que “a renúncia do próprio direito” não configura renuncia, visto que junto ao direito do uso está o direito do não uso e o não uso é em si uma opção de uso. De outro lado, renúncia parece não se referir, apenas, a abstenção, mas a outras formas de expressão de vontade como é o caso do voto mulo, em branco ou “clientelar!. Este último, apesar de caracterizar o uso do próprio direito, não garante um ato livre, consciente pois do contrário estaríamos colocando no rol dos considerados dos votos de opinião.

Mal comparando o voto “clientelar” embora evidencie a condição de troca, pode revelar uma outra faceta: estratégia do eleitor de mesmo por alguns momentos fazer o político comprometer-se com seus interesses mesmo que particulares o que não justifica o erro. A legitimidade do poder não implica só na quantidade de voto e mesmo só a quantidade de voto não deve ser parâmetro de legitimidade quando a lisura do pleito seja comprovada com a ausência de tráfico de influência, compra de voto e troca de favores e ninguém tem coragem de coibir. 

A legitimidade não é uma imposição legal, mas antes de tudo um processo fiduciário, resultante de um contrato branco entre o cidadão e seus representantes. Este processo se funda num conjunto de condições socioeconômicas e ético-moral que presidem as relações sociais e políticas legalmente estabelecidas.  Além disso, dentre as várias condições imagináveis para uma legitimidade do poder de representação do cidadão, há uma condição básica para que isso se realize, qual seja uma sociedade onde os cidadãos tenham condições mínimas de compreensão e domínio de processos e de código sociais para construir uma capacidade de análise, de julgamento e de escolha o que somente é possível pelo cidadão educado. Não se trata de nivelamento cultural dos cidadãos, mas de desnivelamento, uma vez que uma sociedade deve ser identificada menos pelas semelhanças e mais pelas diferenças. 

Neste caso, as diferenças não devem ser parâmetros para classificação dos cidadãos como ocorre em uma sociedade capitalista, mas as diferenças como parâmetro de garantia de direitos-liberdade (civis e políticos) e de direitos-crédito (direitos sociais) como características de uma sociedade democrática.

 O processo do distanciamento dos cidadãos de sua representação política, no Brasil, é um processo que vem se aprofundando vertiginosamente em consequência do não comprometimento dessa representação não só dos ideários político-democráticos, mas também, dos interesses da sociedade que influíram em sua escolha como representante popular.

 Diante disso, o poder recorre à força da lei para garantir uma aparente legitimidade que não tem o aval popular. Nesse caso temos uma autoridade sustentada pela força de lei e não pela autodeterminação dos cidadãos. Na verdade, a história brasileira de legitimação do poder menos pela força popular e mais pelo processo conciliatório de grupos de interesse, se organizam e se reorganizam em função de manutenção de privilégios que se distribuem intra-grupos e repassados de geração em geração dos mesmos grupos, excluindo a maioria da população dos benefícios sociais gerados por todos para alimentar, apenas, uma parte privilegiada. 

Com isso, é razoável concluir que a sociedade brasileira adota um discurso legal democrático e republicano, mas uma prática totalmente fundada em processos monárquicos de caráter autoritário onde os privilégios se distribuem a grupos dominantes que se consideram acima da lei e se perpetuam em razão da apatia do cidadão (súditos) que por sua vez se dividem entre os que lutam para construir uma contra-força e os que se diluem na periferia do poder, legitimando sua força em troca de migalhas que caem dos privilegiados. Não seria exagero dizer que a sociedade brasileira seja uma versão avançada dos processos do colonialismo e da cultura escravocrata nos moldes da "Casa Grande" de nossa história s´ocial política e econômica.

A Sociedade brasileira precisa de uma revolução de educação, de organização sem cooptação, de consciência dos interesses coletivos para se neutralizar a ação de grupos de interesse que se dizendo agir em nome da democracia e do interesse coletivo obtêm a adesão de frações de classes para consolidar privilégios. 

A exemplo disso, o congresso nacional protagonizou nesta semana (2017 quando foi publicado este artigo e que reproduzimos agora ipsis litteris por ser atual) a discussão sobre a renegociação das dívidas dos produtores rurais, colocando na fachada dessa discussão o benefício para o homem do campo, mas por trás de tudo para beneficiar os grandes produtores, inclusive o relator da matéria e grande parte dos políticos que tem latifúndios e se dizem agropecuaristas. Uma sociedade altamente desigual como a brasileira, à desvinculação do cidadão de um ideário de classe, de um ideário político e de sua representação também totalmente desvinculada dos interesses da sociedade jamais poderá construir uma sociedade que valorize as diferenças que se constituem a base para uma construção democrática. Desigualdade e diferenças não se confundem. Enquanto a desigualdade é a mãe da exclusão e da negação dos direitos, as diferenças são indispensáveis para a construção do acesso aos processos sociais, aos direitos e à legitimação da democracia e da construção da cidadania. 

Que legitimidade tem a representação política e a maioria dos mandatos políticos no Brasil? Nenhum! Porque a grande maioria é decorrente de processos ilegítimos e, portanto, são nulos de direito. Mas tudo isso não é responsabilidade só dos políticos, é de todos nós que com o nosso voto legitimamos esse desastre histórico que não se refere somente aos atuais governantes. São 500 anos de poucas elites se locupletando e massacrando quem trabalha e quem produz. 

O Brasil precisa de uma revolução popular e não populista onde os cidadãos tomem as rédeas do país pela consciência do exercício da cidadania e pelo voto e aprendam a decidir em função de seus interesses coletivos. Nesse aspecto, somos defensores da instituição do mecanismo do RECALL onde após determinado tempo no poder o povo possa ser chamado a opinar pela continuidade ou não de um governo através de um referendum popular.  

Referências 

BAKUNIN. Mikhail Alexandrovich. Marxismo e Filosofia da Linguagem. São Paulo: hucitec, 1995.

BOBBIO, Norberto. O futuro da democracia (uma defesa das regras do jogo). Trad. Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986. 

CANIVEZ, Patrice. Educar o cidadão. 2. ed. Campinas: Papirus, 1998. 

GRAMSCI, A. Quaderni del carcere. In: GERRATANA, V. (Org.). Ed. Crítica. 4v. Turim: Einaudi, 1975. 

SCHUMPETER, Joseph A. Capitalism, Socialism and Democracy, 2003.

DEMOCRACY AND LEGITIMACY OF THE POLITICAL POWER IN BRAZILIAN SOCIETY IN CRISIS 

José Ribamar Rodrigues Tôrres PhD in Education from USP Master in Education from PUC / SP Internship in Teacher Training in the IUFM of DOUAI / France Stage for Teacher training in Cuba Former member of the State Board of Education / PI Coordinator of the State Education Forum Member of Appraisers Bank MEC / INEP

 ABSTRACT

 This article was produced from the classes taught by Maria Victória de Mesquita Benevides in the discipline Sociology of Education VIII - State, Democracy and Education in Brazil in the Doctoral Course in Education of the University of São Paulo - USP in 1997. It is discomforting to realize that the theoretical discussions and the reality, clashed by classic and contemporary authors on the subject denounce the intensification of the problems and prove their actuality. It is a discussion about the legitimacy of power in Brazilian society in an ethical-moral, political and economic crisis that is responsible for one of the greatest social and hopeful crises in the country. 

 Keywords: Democracy. Legitimacy. Political power. Brazilian society. Crisis. 

 RESUMÈ 

Cet article a été produit à partir de la leçon enseignée par Maria Victoria Benevides Mosquée dans la discipline de la sociologie VIII Education - Etat, la démocratie et l'éducation dans le programme de doctorat Brésil en éducation de l'Université de São Paulo - USP en 1997. Il est discomforting de réaliser que les discussions et la réalité théoriques, se sont battus par des auteurs classiques et contemporains sur les dénoncer sujet des problèmes de recrudecimento et prouver sa pertinence. Ceci est une discussion sur la légitimité du pouvoir dans ma société brésilienne sur la crise éthique et morale, économique et politique responsable de l'un des plus grands social et espérons que la crise du pays.

 Mots-clés: Démocratie. Légitimité. pouvoir politique. société brésilienne. Crise. 

RESUMEN 

Este artículo fue producido a partir de las clases impartidas por María Victória de Mezquita Benevides en la disciplina Sociología de la Educación VIII - Estado, Democracia y Educación en Brasil en el Curso de Doctorado en Educación de la Universidad de São Paulo - USP En 1997. Es desconcertante percibir que las discusiones teóricas y de la realidad, trabadas por autores clásicos y contemporáneos sobre el tema denuncian el recrudecimiento de los problemas y comprueban su actualidad. Se trata de una discusión sobre la legitimidad del poder en una sociedad brasileña en crisis ético-moral, política y económica responsable de una de las mayores crisis sociales y de esperanza del país. 

Palabras clave: Democracia. Legitimidad. Poder político. Sociedad brasileña. Crisis.

 SOMMARIO 

Questo articolo è stato prodotto dalla lezione insegnata da Maria Victoria Benevides Moschea nella disciplina della sociologia VIII Istruzione - Stato, Democrazia e educazione in Brasile Dottorato in Formazione dell'Università di São Paulo - USP nel 1997. E 'sconfortante rendersi conto che le discussioni teoriche e realtà, combattute da autori classici e contemporanei sui problemi recrudecimento soggetto denunciare e dimostrare la sua rilevanza. Questa è la discussione della legittimità del potere nella società brasiliana ma sulla crisi etica e morale, economica e politica responsabile di uno dei più grandi sociale e la speranza di crisi del paese.

 Parole chiave: Democrazia. Legittimità. Potere politico. Società brasiliana. Crisi.

 Zusammenfassung 

Staat, Demokratie und Bildung in Brasilien Promotion im Fach Erziehungswissenschaft der Universität von São Paulo - - USP 1997. Dieser Artikel wurde aus der von Maria Victoria Benevides Moschee in Soziologie Disziplin VIII Bildung gelehrt Lektion hergestellt. Es ist unbehaglich, dass die theoretischen Diskussionen und Realität zu verwirklichen, von klassischen und zeitgenössischen Autoren zu den Themen denounce recrudecimento Problemen bekämpft und ihre Relevanz unter Beweis stellen. Dies ist eine Diskussion über die Legitimität der Macht in ma brasilianischen Gesellschaft aus ethischen und moralischen Krise, wirtschaftliche und politische Verantwortung für eine der größten sozialen und hoffen, dass die Krise des Landes. 

 Stichwort: Demokratie. Legitimierung. Die politische Macht. Die brasilianische Gesellschaft. Krise. 

 РЕЗЮМЕ 

Данная статья была подготовлена из классов преподаются профессор доктор Марией Мечеть Виктории Benevides в социологии дисциплина VIII образования - государства, демократии и образовании в программе Бразилии докторантуры в области образования в Университете Сан-Паулу - USP в 1997 году. Это неутешительный понимать, что теоретические дискуссии и реальность, воевавших на классических и современных авторов по проблемам recrudecimento субъект разоблачать и доказать свою значимость. Это обсуждение власти легитимности в бразильском обществе по этическому и моральному кризису, экономический и политический, ответственному за один из самых больших социальных и надеюсь, что кризис в стране. Ключевые слова: демократия. 

Законность. Политическая власть. Бразильское общество. Кризис. 

 REZYUME 

Dannaya stat'ya byla podgotovlena iz klassov prepodayutsya professor doktor Mariyey Mechet' Viktorii Benevides v sotsiologii distsiplina VIII obrazovaniya - gosudarstva, demokratii i obrazovanii v programme Brazilii doktorantury v oblasti obrazovaniya v Universitete San-Paulu - USP v 1997 godu. Eto neuteshitel'nyy ponimat', chto teoreticheskiye diskussii i real'nost', voyevavshikh na klassicheskikh i sovremennykh avtorov po problemam recrudecimento sub"yekt razoblachat' i dokazat' svoyu znachimost'. Eto obsuzhdeniye vlasti legitimnosti v brazil'skom obshchestve po eticheskomu i moral'nomu krizisu, ekonomicheskiy i politicheskiy, otvetstvennomu za odin iz samykh bol'shikh sotsial'nykh i nadeyus', chto krizis v strane. 

 Klyuchevyye slova: demokratiya. Zakonnost'. Politicheskaya vlast'. Brazil'skoye obshchestvo. Krizis. First,

 

 

 

 it is necessary to understand what kind of democracy we live in Brazil. Its historical roots, the minority interest groups that, for centuries, plunder the nation and seize the majority of all the goods produced by the marginalized, suffocated and deceived majority in every election. What they consider change is pure accommodation of forces that group together and take turns in power to maintain privileges and condemn the others who watch the show as mere excluded people who legitimize and give strength to their tormentors, disguised as “saviors of the homeland”. It is not enough to say that the people elected and thus want to show legitimacy, but it is necessary to reflect that the people elected, but under what conditions? A majority population manipulated by the new populism that in reality is nothing new because it is based on old welfare practices as opposed to the right proclaimed in the Magna Carta. 

A population adrift due to lack of access to the basic elements for building citizenship. A majority population who are unschooled and prevented from exercising the faculties of analysis, judgment and choice. A population with a working majority hostage to economic and political power. A majority population excluded from work, health, education, security, minimum conditions for survival and the exercise of freedom of choice and quality of life. In “The Future of Democracy” Norberto Bobbio (1986, p. 17-40; 151-171) proposes a minimal definition of democracy opposed to other forms of autocratic government. For him, democratic rules define who is authorized to make decisions and with which procedures whose starting point lies in the number of those entitled to vote and under certain conditions. 

 

How politicians see the voter:
Voter before Election
 
 
 
 
 
 
 
 
 
                                
                                                         

                                                   Elector after the election 
 Fonte: Miro Stefanovic. Beska - Sérvia. 01/07/2015.

 For Bobbio, a large number of citizens who have the right to participate directly or indirectly in collective decisions is not enough. Legitimation rules such as majority or unanimity criteria are not enough. It is necessary that those who will decide are placed in front of real alternatives and are guaranteed the conditions to choose one or the other to overcome the discourse and practice and between what has been promised and what has been done and to enforce the collective will in order to transform subjects into citizens.

 Representative democracy defends the conception that democracy has a collective characteristic where there are groups and not individuals, which, in Bobbio's words, changes from centripetal to entrifugal, polycentric and polyarchic due to the distribution of power. The author warns that political representation is not to be confused with representation of interests, the first (political representation) represents the nation and the second (representation of interests) represents voters and, as a result, there is favoring the persistence of oligarchies. 

On the other hand, Joseph Schumpeter (2003) considers that democratic government is not the absence of elites, but the presence of many elites which, in our view, is the democratization for the formation of various elites, that is, the overcoming of inequalities and access to all to the decision-making bodies. In this sense, it is appropriate to speak of a regulated society (a society without government) defended by Gramsci, (1975) that is, a society without class division, which would have the same sense as Karl Marx gives the evolution of the capitalism-socialism –communism trilogy, the latter being the latter to the utopia of the perfect society that in Mikhail Alexandrovich Bakunin's (1995) most radical anarchist and libertarian vision would evolve directly from capitalism without the need for a socialist transition. 

 

                                      Free election?

Fonte:Seyedbehzod  Ghafarizodeh. Montreal. 01/07/2015.

 

 For Bobbio, without the right to control power, there is no guarantee of respect for rights-freedom. The concept of elite presented in this article is not to be confused with economic power. Elite, for the author of this reflection, comprises several fractions of classes, namely: economic elites, religious elites, political elites, student elites, union elites, communication elites, professional elites, artistic elites, among others that form a network of social conformation and act as a control mechanism for social groups whose organizations they participate or with whose organizations they identify. This process of relations not only defines fields of cooptation but also neutralizes possible popular liberation movements towards the self-determination of citizens. 

There is no way to defend the maximum control of power by the citizens, without also defending the maximum control of the citizens by the power. For this, the condition is the educated citizen, a promise not fulfilled in the words of Bobbio and which means education for citizenship. In this sense, Stuart Mill believes that citizen education has as its point of origin the very exercise of democratic practice, placing electoral participation as a great educational value.

 In Brazil, however, breaking the rules of the game for the benefit of groups makes this electoral process uneducational and harmful to the conscious process of analysis, judgment and choice of its representatives where there is a true "collusion" whose vote is a bargaining chip in function of individual or group interests. Bobbio considers that the transition from a family economy to a market economy and from that to a regulated, planned, protected economy requires technical skills that, according to Saint Simon, would favor the replacement of legislating governments by scientists, increasing the bureaucratic apparatus organized from the apex to the base when political power in democracy organizes itself from the base to the apex. In this sense, the author questions that if democracy is a set of rules, how can one intend active citizens?

 Selfie de Político

                          Selfie of Politician

 Fonte:  Carlos Augusto R. Nascimento.Belém do Pará. 01/07/2015

 

 The same author establishes the difference between “the government of laws and the government of men”, considering not only who and how many are the rulers, but their way of governing. In this sense Plato says: [...] I called here servants of the laws those who are ordinarily called rulers [...], however, the rulers also need the law [...] that cannot be subjected to passions. Now, the law has no passions which, on the contrary, are in every human soul” (Politics, 1286 a). Bobbio concludes that the government of men is linked to the figure of the sovereign-father, sovereign-boss that approximates paternalistic or patriarchal conceptions where the State is considered a family whose ties that unite them to the group are not legal, but ethical, which for Kant government founded on the principle of benevolence, paternalism is the worst despotism. 

Reflecting on these authors' ideas, contrasts and advances are evidenced where the democratic ideals were not reached, as well as their transformations not carried out in the modern State, where the technical apparatus and issues of citizenship and values stand out. On the other hand, positions are raised in favor and against the government based on laws and the one based on the sovereign's will. Political representation and its relations with general and private interests collide with the question asked by Bobbio: “is there any general criterion capable of allowing the distinction between particular interests and group interests?”. 

 We assume that there is not one or the other in pure state although we can identify interest representation trends in the so-called AGREEMENTS. It seems not appropriate to say that there is only interest representation, even because such agreements are subject to general rules under certain conditions of economic systems and social. Therefore, it involves broader interests that at the same time satisfy particular group interests. I assume that the agreements, although they often assume corporate positions, ensure a series of conditions aimed at guaranteeing “social stability”, linked to the survival of groups in their most immediate interests.

 I believe the author touched the question of “general criteria”. He considers agreements as a “typical expression of representation of interests”, however he considers agreements at the union level to be different. Unions (today) in Brazil represent different conceptions of the worker's struggle that ranges from extreme positions to cooperation and from strength to negotiation, from contestation to the search for results, from corporatism to the dilution of struggles in the general movement. A proof of this is that unions have elected several militants to the parliament and even so the union struggle doesn't seem to advance in their divergences. 

 The expansion of the democratic process is not defined by the place where the right to choose, to vote, is exercised, but by how this right of choice is exercised, that is, the quality of the exercise of this right and how this can avoid chronic processes of co-option and manipulation ( populism). The phenomenon of the renouncement of their own right by the citizen seems to be an authoritarian statement since it is admitted that only the use of the right to vote (positively) would favor an education for citizenship, eliminating the possibility of choosing what would be undemocratic. I assume that “the waiver of the right itself” does not constitute a waiver, since together with the right of use is the right of non-use and non-use is in itself an option of use. 

On the other hand, renunciation does not seem to refer only to abstention, but to other forms of expression of will, such as the mulo, blank or “clientelar!” vote. The latter, despite characterizing the use of the right itself, does not guarantee a free act, aware that otherwise we would be putting it on the list of those considered in the opinion votes. Barely comparing the “clientelar” vote, although it shows the condition of exchange, it can reveal another facet: the voter's strategy for a few moments to make the politician commit to their interests, even if they are private, which does not justify the error. 

The legitimacy of power does not only imply the number of votes and even the number of votes must be a parameter of legitimacy when the fairness of the election is proven with the absence of influence peddling, vote buying and exchange of favors and no one has the courage to restrain . Legitimacy is not a legal imposition, but above all a fiduciary process, resulting from a white contract between the citizen and his representatives. This process is based on a set of socio-economic and ethical-moral conditions that govern the legally established social and political relations. In addition, among the various imaginable conditions for a legitimacy of the citizen's power of representation, there is a basic condition for this to happen, which is a society where citizens have minimal conditions of understanding and mastery of social processes and code to build a capacity for analysis, judgment and choice that is only possible by an educated citizen. 

It is not about cultural leveling of citizens, but about unevenness, since a society must be identified less by similarities and more by differences. In this case, the differences should not be parameters for classifying citizens as occurs in a capitalist society, but the differences as a parameter for guaranteeing freedom rights (civil and political) and credit rights (social rights) as characteristics of a society democratic. The process of distancing citizens from their political representation in Brazil is a process that has been deepening vertiginously as a result of the non-commitment of this representation not only to political-democratic ideals, but also to the interests of society that influenced their choice as popular representative. In view of this, the power resorts to the force of law to guarantee an apparent legitimacy that does not have popular support. In this case we have an authority supported by the force of law and not by the self-determination of citizens.

 In fact, the Brazilian history of legitimation of power less by popular force and more by the conciliatory process of interest groups that organize and reorganize themselves based on the maintenance of privileges that are distributed intra-groups and passed on from generation to generation by the same groups , excluding the majority of the population from the social benefits generated by all to feed only a privileged part. 

Thus, it is easy to conclude that Brazilian society adopts a democratic and republican legal discourse, but a practice fully based on authoritarian monarchical processes where privileges are distributed to dominant groups that consider themselves above the law and are perpetuated due to apathy of the citizen (subjects) who in turn are divided between those who struggle to build a counter-force and those who are diluted on the periphery of power, legitimizing their strength in exchange for crumbs that fall from the privileged. Brazilian society needs a revolution in education, organization without cooptation, awareness of collective interests to neutralize the action of interest groups that claiming to act in the name of democracy and collective interest obtain the adhesion of class fractions to consolidate privileges. 

As an example, the national congress this week led the discussion on the renegotiation of the debts of rural producers, placing the benefit for the farmer on the sidelines of this discussion, but behind everything to benefit large producers, including the rapporteur of the matter and a large part of the politicians who own large estates and claim to be farmers. 

A highly unequal society like Brazil's, the detachment of the citizen from a class ideal, from a political ideal and from its representation also totally disconnected from the interests of society, will never be able to build a society that values the differences that constitute the basis for a construction democratic. Inequality and differences are not confused. While inequality is the mother of exclusion and the denial of rights, differences are essential for building access to social processes, rights and the legitimacy of democracy and the construction of citizenship.

 What legitimacy do political mandates have in Brazil? None! Because the vast majority are due to illegitimate processes and, therefore, are void of law. But all of this is not the responsibility of politicians alone, it is all of us who, with our vote, legitimize this historic disaster that does not only refer to the current rulers. It's been 500 years of a few elites luxuriating and massacring those who work and those who produce. 

Brazil needs a popular and non-populist revolution where citizens take over the country's reins by being aware of the exercise of citizenship and by voting, and learn to decide according to their collective interests. In this aspect, we are defenders of the institution of the RECALL mechanism where, after a certain time in power, the people can be called to give an opinion on the continuity or not of a government through a popular referendum.

 References 

BAKUNIN. Marxism and Philosophy of Language. São Paulo: hucitec, 1995. 

BOBBIO, Norberto. The future of democracy (a defense of the rules of the game). Trans. Marco Aurélio Nogueira. Rio de Janeiro, Peace and Land, 1986. 

CANIVEZ, Patrice. Educate the citizen. 2. ed. Campinas: Papirus, 1998. 

 GRAMSCI, A. Quaderni del prison. In: GERRATANA, V. (Org.). Critical Ed. 4v. Turin: Einaudi, 1975. 

SCHUMPETER, Joseph A. Capitalism, Socialism and Democracy, 2003.